segunda-feira, 28 de julho de 2014

A efemeridade da vida

Acabo de receber a notícia da morte prematura de um colega, professor por vocação e não por formação, educado, gentil, que fazia medicina como poucos. Não sei detalhes, mas, como mais um paradoxo da vida, ele, cardiologista, morre prematuramente por problemas cardíacos. 

Mesmo só tendo tido um pequeno contato com ele ainda nos tempos de faculdade, sempre admirei sua ética, seu cuidado e compromisso com seus pacientes. Senti uma tristeza profunda! Tristeza pela família, por sua esposa e seus dois filhos! O coração apertado e ainda sem acreditar. 

Inevitável pensar sobre a efemeridade da vida. Sim, em um momento estamos, no outro não estamos mais. É sobre aquilo que falei há poucos dias sobre o HOJE.

Independente da nossa fé, não estamos preparados para a morte. Lembro do dia do velório de Catarina. Nosso pastor deu uma breve palavra, que tocou nosso coração profundamente e nos trouxe a paz de Jesus, aquela que excede todo o entendimento. Ele usou palavras simples: "Hoje não temos 'bom dia', nem 'boa tarde'. Hoje estamos tristes. Não sabemos lidar com a morte! Com a perda. O que sabemos é que Catarina conseguiu extrair o melhor de nós! O amor! Estivemos todos os dias em oração movidos pelo amor! Não tenho mais o que falar, só me coloco a disposição para o que vocês precisarem!'

E é bem por aí. Ainda tenho dificuldade em lidar com a perda prematura da minha filha e sinto hoje a dor desta mãe que perde o seu filho também prematuramente (acredito, apesar de não ter certeza, que a mãe dele ainda seja viva), da sua esposa e dos seus filhos. Nenhuma palavra é capaz de aliviar a dor. Somente um abraço apertado acalenta o coração. E só o amor, este sim, nos permite superar todas as coisas.

Por isso insisto: amem; declarem o seu amor; estejam juntos; evitem desentendimentos desnecessários; vivam o hoje, porque o amanhã pode ser tarde demais.

O que desejo aos familiares é aquilo que me foi concedido! O conforto dos céus! A paz de Jesus que excede todo o entendimento! O entendimento de que para todas as coisas existe um propósito, ainda que não entendamos! Que o tempo cura todas as coisas! E que o AMOR, e somente ele, supera todas as dificuldades.

Que nosso amado Pai vos console! 

domingo, 27 de julho de 2014

Dia dos avós

Ainda que atrasada, não poderia deixar de homenagear os melhores avós do mundo. Não tenho dúvidas que Catarina sentiu todo o amor e carinho que vocês tiveram e tem por ela. Ainda lembro como hoje do dia em que anunciamos a chegada de Catarina. Foi no dia da comemoração antecipada do dia dos pais do ano passado. Após muita busca no shopping, procurando um presente para avô, encontramos um lindo pijama com dizeres sobre avô. O jantar aconteceu na casa dos tios de Catarina. Cheguei lá, mas não entreguei imediatamente o presente. Esperei todos chegarem e se acomodarem. Resolvi então dar o presente. O avô de Catarina abriu o presente (ele tem um certo lag para entender as coisas) e ficou me olhando sem entender. Meu primo Ric olhou para mim e eu coloquei a mão na barriga. Depois disso foi uma comoção generalizada. Abraços para todos os lados. Lágrimas escorrendo pelos rostos. Pulos de alegria. O avô de Catarina demorou uns 5 minutos para entender o que estava acontecendo.

A partir daquele dia surgia um amor sem fim. Os avós de Catarina acompanharam toda a gestação de perto. A cada mínima descoberta, uma comemoração. Qualquer alteração, uma preocupação. Fizeram com o maior amor do mundo todo o enxoval nos EUA. 

Quando ansiedade pela chegada da pequena! 

No grande dia, foram avisados imediatamente quando a bolsa rompeu e foram em seguida para a maternidade. Infelizmente, a avó de Catarina não pode estar durante todo o dia no hospital e vi nos seus olhos a tristeza por não poder fazê-lo (o dever a chamava). Após uma aventura automobilística, ela chegou ao hospital ainda antes do parto. 

Os dias que se seguiram foram de grande angústia. Pequenas melhoras e pioras ao longo dos dias. A fé deles era inabalável. Mesmo trabalhando todos os dias, durante o dia todo, eles não deixaram de ir ao hospital em nenhum dos dias. Ainda que por 5 minutos e em silêncio, eles faziam questão de estar no horário da "visita dos avós". 

No dia que Cacá se foi, eles providenciaram, junto com amigos, todas as coisas. Eu e meu marido não tínhamos condições de pensar em nenhuma burocracia. Mesmo com toda a tristeza, eles não exitaram em nos apoiar em todo o tempo.

Agradeço a vocês por terem sido e por serem os melhores avós do mundo e por terem amado intensamente a minha filha! 

Mãe, você não corre mais o risco de morrer frustrada! Deus já lhe concedeu o sonho de ser avó. Mas não tenho dúvidas que você ainda terá a oportunidade de curtir muitos outros netos e que continuará a ser a melhor avó do mundo.

Obrigada de coração!


No chá de fraldas de Cacá!

Cacá hoje está ao lado dos seus queridos bisavós: Bisa Leo, Biso Artininho e Bisa Bilú. Ela não poderia estar em melhores companhias!

Ao meu avô Ilton, todo o meu amor! Obrigada por ter vindo imediatamente ao nosso encontro depois do nascimento da nossa princesa e por ser o melhor biso do mundo! Que o senhor permaneça ainda por muitos anos na nossa companhia e que tenha o prazer de curtir todos os bisnetos que ainda virão. Amamos você! 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre fé

Estava me amarrando há algum tempo para escrever este pequeno texto, mas como foi Deus quem mandou, a gente obedece. Eu sempre oro a Deus para que Ele não deixe que a vaidade e a soberba subam ao meu coração. Durante estes últimos meses, ouvi muitas vezes a frase: "Você é um exemplo de fé!". É nesta hora que a soberba e a vaidade querem chegar com toda a força no coração, daí o motivo da oração. Acontece que, dia desses, enquanto eu orava a respeito disto, Deus me falou claramente (mas não tão duramente assim): "Você não é 'exemplo' de fé!. Você vive as situações da forma que você tem que viver. Não basta dizer que crê em mim e no sacrifício de Jesus, são as suas atitudes que dão o seu testemunho de fé. É na dificuldade que sua fé é 'testada' e 'aprovada' ". E realmente a palavra diz que: "Sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11:6) e "Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma" (Tg 2:17).

Para mim, o resumo foi: Não fez mais que a sua 'obrigação'!  

Vamos combinar que, como Deus é Pai e Pai de amor, Ele me falou isso de uma forma muito mais doce.   

Espero que tenham entendido o recado! Voltarei com palavras mais doces. 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Somos felizes com o que temos

Eu já disse por aqui que eu adoro clichês. Mas existe uma explicação para isso. Sabe aquela antiga conversa de que devemos aproveitar o dia de hoje, agradecer pelo que temos e não lamentar por aquilo que perdemos ou deixamos de ganhar. Este é um daqueles clichês que precisamos lembrar todos os dias. 

Não é incomum estarmos insatisfeitos, reclamando por aquilo que ainda não temos. Esquecemos de olhar a nossa volta, de agradecer por tudo aquilo que já nos foi concedido. Eu sei que o que nos impulsiona a seguir em frente são nossos sonhos e projetos, mas não podemos estar tão focados neles, a ponto de deixar passar tudo que está a nossa volta hoje.

É o conhecido clichê do: "O futuro ainda não existe e, quando chegar, deixará de ser futuro, para ser presente. O passado já deixou de existir e, quando existiu ainda não era passado, mas sim, presente. O PRESENTE É O ÚNICO MOMENTO QUE REALMENTE EXISTE PARA NÓS!" 

O meu passado "mais recente" me traz as lembranças mais alegres, mas também as mais dolorosas. Ainda me pego frequentemente pensando em todos os acontecimentos desde o momento da descoberta da gravidez até o dia da partida de Catarina. De certa forma, estas lembranças me estristecem um pouco e também me enchem de alegria. Mas não posso viver me alimentando destas lembranças. Acho que toda mãe que perde um filho tem muito medo de esquecê-lo, de esquecer as feições, os detalhes, os momentos que passaram juntos. Parece até meio tolo, porque é impossível esquecer um amor tão grande e sobrenatural, mas temos apego às lembranças materiais e não àquelas que são imateriais e ficam cravadas na nossa alma. É importante que as lembranças estejam , porque o que somos hoje é fruto daquilo que vivemos, daquilo que experimentamos. Mas não podemos estar excessivamente apegados ao passado a ponto de esquecer do agora, do hoje.

Ah, o futuro! O futuro das projeções mais doces, dos sonhos realizados. O futuro da grande família constituída, da realização profissional, das viagens mais inusitadas. Ah, o futuro! Este a Deus pertence. E como sou feliz por entregar o meu nas mãos dEle.

O presente é agora! Este é o maior dos clichês, mas continuamos insistindo em deixar de vivê-lo. Sempre que eu compro alguma roupa nova ou ganho de presente, fico ansiosa em usá-la e sempre brinco: "Imagina se eu morrer amanhã?! Vou deixar esta roupa novinha para outra pessoa usar?" Não incentivo as pessoas a agirem de maneira inconsequente, sem pensar no futuro ou nas consequências das suas atitudes. Mas não desejo que estejam tão apegadas ou projetando um futuro brilhante e esqueçam que a vida é agora. O livro de Eclesiastes é muito claro ao falar que há tempo para todos os propósitos debaixo do céu. Há tempo de chorar e tempo de rir. 

Retirado do instagram "eu me chamo antônio"

Ainda que hoje seja o seu tempo de chorar, chore, vivencie as suas dores, mas lembrem-se que elas não são eternas! Eu posso falar sobre isso com uma certa propriedade. Vivenciei o tempo das minhas piores dores e, até nele, vivi intensamente! Chorei durante dias, não senti vontade de fazer absolutamente nada, perdi até a esperança de viver dias melhores e mais alegres, tamanha era a minha dor. Mas tudo passa e, o fato da minha dor estar diminuindo, não tem nada a ver com o tamanho do amor que sinto pela minha filha. Tem a ver com o entendimento de que "TODAS as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e daqueles que são chamados conforme o Seu propósito". Hoje me sinto uma pessoa transformada, alguém que vivenciou a pior dor, mas que, pela graça de Deus, tem conseguido seguir em frente, ainda mais forte. Alguém que aprendeu a olhar a vida com mais carinho, a olhar o outro com mais amor e a viver o presente como uma dádiva divina. 

Na última quarta feira fomos, eu e meu marido, para o Rio de Janeiro para tirarmos o visto americano. Chegamos lá já no final da tarde, mas não poderíamos perder a oportunidade de dar uma primeira volta pela cidade. Somos amantes do mar e nada mais revigorante do que um passeio a beira da praia, seguindo do Leblon até o Arpoador. Alguns minutos sentados, apreciando a paisagem e jogando conversa fora. Tenho um carinho especial pela cidade. Sempre foi o meu destino de férias anuais; local das minhas lembranças de infância, as mais deliciosas possíveis. Não sei bem explicar, mas gosto da energia, do astral da cidade. Amo ver as pessoas andando pelas ruas, sejam velhos ou crianças. Amo andar de bike e ter ciclovias que me permitam fazer isso. Amo principalmente as paisagens. Deslumbrantes as vistas do alto dos morros. Olho para todos os cantos e vejo a beleza e a perfeição da criação. E como não sentir a presença de Deus diante de tudo isto?! 


Do alto da Pedra Bonita
                     
Desbravar o mundo com quem amamos tem destas coisas. Todos os momentos, desde os mais simples até aqueles mais especiais e esperados, são gostosos de serem vividos. E eu aprendi que o momento de ser feliz é agora. 

                                   


                            

A felicidade não está condicionada a grandes eventos. Felicidade é sorrir sem motivo aparente; é sentar a beira do mar e sentir a brisa; é jogar conversa fora; é comer pipoca e brigadeiro e assistir um bom filme; é trabalhar com aquilo que a gente gosta; é abraçar; é gargalhar, sentir a barrigar doer de tanto rir; é almoço de sábado em família; é reunir os amigos em casa, mesmo quando não tem cadeira para todo mundo sentar; é rolar na cama domingo de manhã, com preguicinha de levantar; é passear de mãos dadas; é viver os dias com prazer; é AMOR. Deus é amor e nossa felicidade está nEle. 

E como não podemos ter tudo na vida, somos felizes com o que temos! 


                                     



segunda-feira, 14 de julho de 2014

O pai de Catarina

Venho ensaiando escrever este post já há algum tempo. Mas não queria deixar passar nenhum detalhe sobre alguém que é merecedor de toda a minha admiração. Admito que sou suspeita, porque sou apaixonada por ele, mas há de se convir que quem o conhece vai concordar comigo. 

O pai de Catarina é de fato um homem admirável, alguém que conseguiu transformar todas as suas piores dores nas suas melhores qualidades. Alguém que dá um valor inestimável à família, que sempre sonhou em construir a sua própria e tem feito isto de uma maneira excepcional. Alguém que mesmo diante de toda a limitação, tem olhado sempre para Jesus e tentado imitá-lo. Alguém que é muito decidido e, ao menos tempo, doce. Alguém com uma maturidade e responsabilidade invejáveis e uma alma de criança. Não a toa elas serem completamente apaixonadas por ele. Sim, todos são apaixonados pelo tio Bruno, tio Bruninho, tio Careca, simplesmente porque ele consegue de forma simples e natural, entretê-las. Ele não é um adulto brincando com uma criança e sim uma criança brincando com outra. Ele nunca cansa de responder as infinitas perguntas de todas as crianças e sente um prazer imenso nisso. Odeia crianças indisciplinadas, mas as repreende em amor e isso o torna ainda mais querido. 

Todas estas características tornam o pai de Catarina, um super PAI! Sim, com letras garrafais! Vamos relembrar alguns acontecimentos marcantes e vocês vão entender o porquê de tudo isto. 

Já relatei aqui o dia que descobrimos estarmos "grávidos" e inevitavelmente me vem a mente a sonora frase: "Posso comemorar?". E este foi apenas o começo. No dia seguinte, quando fiz o beta-hCG, ele passou o dia todo ansioso e me mandando mensagens e, no final do dia, quando o resultado finalmente saiu, ele estava ensandecido. O resultado saiu e eu ainda estava no trabalho e, antes de ir para casa, precisei passar na casa de uma amiga para vê-la. Ele começou a me mandar mensagens de voz via whatsapp, gritando de alegria e me mandando retornar para casa o mais rápido possível.

Ele queria comemorar, sair na rua gritando, contar para todo mundo. E eu, médica que sou, queria esperar um tempo, ter certeza que tudo corria bem. E ele se desesperava: "Amor, você não está entendendo, eu vou explodir. Eu preciso contar para alguém. Eu vou parar alguém no meio da rua e contar que eu vou ser pai". Pelo nível do desespero, vocês imaginam a alegria que ele estava sentindo. 

Obviamente, a minha ideia de esperar um pouco não foi para a frente. Pouco a pouco fomos contando para nossos familiares e amigos. E o mais incrível era o seu sorriso, este nunca o deixou de acompanhar durante os meus 9 meses de gravidez. 

A primeira ultrassonografia (oficial) foi inesquecível! (Logo depois que descobri que estava grávida, cheguei no plantão e uma amiga estava saindo. Quando Bruno contou a novidade, ela me "obrigou" a entrar no hospital e disse que ela faria minha primeira ultrassonografia. Como Bruno só tinha ido me levar, ele estava de bermuda e não podia entrar no hospital. Fomos somente nós duas. Como a gravidez estava muito no começo, só foi possível ver o saco gestacional. O embrião ainda não tinha aparecido. E eu, mais um vez, médica que sou, passei 4 dias sem dormir até a primeira ultrassonografia oficial). E lá fomos nós, eu, o pai de Catarina e a tia de Catarina. A única coisa que o pai de Catarina sabia era que ele tinha que ver uma coisinha branca dentro de um saco preto. E, imediatamente, quando o médico começou o exame, ele viu uma coisinha branca dentro de um saco preto e logo abriu o maior sorriso que poderia se ver. O que eu esqueci diante do meu desespero, foi de avisá-lo que já seria possível ouvir o coraçãozinho do nosso bebê. Quando o médico colocou o "sonzinho" do coração, pensei que este menino fosse enlouquecer...ele não sabia se ria, se batia no médico comemorando, se saia da sala gritando, enfim, um turbilhão de sentimentos. 

Daí se seguiram os dias e todas as vezes, ABSOLUTAMENTE, todas as vezes que ele contava que ia ser pai, um sorriso do tamanho do mundo surgia no seu rosto. Ele passou 9 meses em um estado permanente de êxtase. 

No dia que tivemos a confirmação que seríamos pais de uma menininha, foi outra emoção sem fim. Ele finalmente pode gritar bem alto para o mundo, através do facebook, que ele seria o PAI DE CATARINA. 

Perdi a conta do número de vezes que acordei durante a noite e ele estava deitado em cima da minha barriga, conversando com sua filha. E preciso confessar que ele foi o primeiro a senti-la mexer. Pode parecer absurdo e acho que seja mesmo, mas na semana em que eu a senti mexer, ele já tinha me falado alguns dias antes que, em uma das madrugadas, ele já tinha sentido. Fiz jogo duro e não admiti, porque seria considerada uma mãe desnaturada. Mas se aconteceu...o que fazer?  

Fora o permanente sorriso estampado no rosto, o cuidado com cada um dos preparativos. Já conhecia sobre berços, cômodas, decoração das paredes. Mamadeiras então?! Era expertDepois de termos decidido que o tema do quarto seria de passarinhos, começamos a saga para decidir os detalhes da decoração. Finalmente encontramos os adesivos que seriam colocados na parede. Na semana anterior ao nascimento de Catarina, ele colou cada um dos adesivos e, cada vez que colava meia dúzias deles, se distanciava da parede, olhava e me perguntava: "E aí, amor? Tá ficando bom?". Era um cuidado só com cada uma das florzinhas. Era muito amor materializado nos detalhes. 







Ah, outro detalhe. Ele fazia questão de comparecer a TODAS as consultas do pré-natal. Faltou em uma delas por problemas no trabalho e ficou extremamente chateado por causa disso. 


Voltando da última consulta do pré natal

Não era incomum ele dizer: "Amor, não ligue não, mas ela vai ser grudada comigo! Vai ser minha pulguinha!". E eu tenho que confessar que sabia que seria assim, afinal minha filha teria o melhor pai do mundo.

No dia do nascimento, o pai de Catarina era ainda mais sorrisos! E, apesar de todas as zoações em relação as sacolas rosas, ele sentia um orgulho só por segurá-las.




Depois vieram as más notícias, as lágrimas rolaram, mas não o vi oscilar absolutamente em nenhum dos 12 dias. Quando eu me desesperava pelo medo de perdê-la, imaginando que esta pudesse ser a vontade de Deus, ele me abraçava e dizia: "Amor, a nossa princesinha não está lutando? Enquanto ela estiver lutando, nós estaremos lutando junto com ela!". E assim fizemos. Dia após dia estivemos ali do lado dela. E ainda me emociona lembrar de todas as suas preocupações. Ele entendia perfeitamente a gravidade do quadro, mas era tão linda a sua preocupação com os detalhes. "Amor, ela vai ficar com cicatriz?". "Este fiozinho está apertando a perninha dela". "Estes antibióticos não vão fazer mal?". "Ela não vai ficar com nenhuma sequela não, né?!".

Meu coração ganhou duas cicatrizes. A minha perda e a sua perda. Senti toda a dor de uma mãe que perde um filho. E senti toda a dor do melhor pai que perde sua filha, sua princesinha. Afirmo, com toda a convicção, que Catarina teve o melhor pai do mundo e que ela sentiu o seu imenso amor.




Sou mais feliz por saber que você é o pai do meus filhos!
Te amo!


O pai de Catarina pela mãe de Catarina.   

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Um mês de vida do blog

Só agora, no final do dia, me toquei que hoje o blog faz um mês de vida! Agradeço aos que me deram a ideia de começar isso aqui. Obrigada de verdade! Vocês não tem noção do bem que este espaço me faz. Compartilhar minhas alegrias, minhas dores, minhas decepções tem tornado os meus dias mais leves e fáceis de serem vividos. Creio que Deus já iniciou um novo tempo na minha vida e da minha família. E tudo o que nos fez chorar tantas vezes é, hoje, o motivo do nosso amadurecimento, enquanto indivíduos e família. 

Agradeço a vocês por gastarem um minuto que seja do seu dia ou da sua semana para virem aqui, lerem os meus textos e me enviarem tantas energias positivas! Isso tem realmente feito toda a diferença.

E por incrível que pareça, fechamos o primeiro mês com inacreditáveis quase 3000 acessos! Que este espaço viva ainda por muito tempo e que cada um de vocês possa se alegrar e aprender um pouquinho com aquilo que dia a dia me tem sido ensinado.

Muito obrigada!



Ainda sobre "parir"

Me desculpem a repetição deste tema por aqui, mas acho que por se tratar de um blog de mãe não existe nenhum mal nisso. Ontem, conversando com algumas amigas, falávamos sobre filhos, gravidez e parto. Naturalmente, comecei a reviver o dia do meu parto. Além de uma imensa alegria, a saudade é muito grande (e não falo isso pelo desfecho). Saudade mesmo. Do dia. Talvez até da dor. Saudade por ter participado tão ativamente do meu parto. E eu gosto muito de contar como foi o dia com detalhes. E como nunca fiz isso por aqui, chegou o momento. 

Tudo começou por volta das 04:00 horas do dia 04/04/2014. Eu, nas profundezas do meu sono, que não era mais tão profundo assim pelo tamanho da barriga, senti uma coisa estranha. Uma sensação de estar perdendo líquido pela vagina, mas, como foi só uma sensação, decidi não levantar imediatamente para checar. Aguardei mais alguns minutos e decidi finalmente levantar para saber o que estava acontecendo. Para minha surpresa, minha bolsa tinha rompido. Calmamente, acordei meu marido e expliquei o que tinha acontecido. Fui tomar banho e ele, eufórico, me perguntava se dava tempo para cortar o cabelo e fazer a barba, afinal ele queria sair bem nas fotos.   

Conseguimos nos arrumar tranquilamente, pegar todas as coisas que já estavam separadas e seguir rumo a maternidade. Eu já tinha avisado ao obstetra, aos meus pais e no caminho fui disparando mil "whatsapps" para todos os meus grupos. 

Chegamos lá um pouco depois das 05:00 horas. Fui inicialmente avaliada pelo médico da emergência, que confirmou que minha bolsa tinha rompido, mas que eu não tinha entrado em trabalho de parto. Depois da batalha para conseguir o internamento, por falta de vagas na unidade, me encaminharam para o quarto.

Por volta das 08:30 horas, meu obstetra chegou no hospital para me examinar e decidir o que iríamos fazer. Ele sabia que eu queria ter parto normal e, naturalmente, indicou que começássemos a indução com a ocitocina. E assim foi feito. Pouco a pouco as contrações começaram e foram aumentando de intensidade. Estavam comigo no hospital, meu marido, meu pai, minha mãe, minha irmã e meu irmão, que estava de plantão no hospital e volta e meia ia ver como eu estava. Durante a manhã, as contrações ainda estavam "fracas" e esparsas. 










Começou a tarde e as dores começaram a ficar cada vez mais intensas, mas no intervalo das contrações eu sentia tanto sono, que não queria levantar da cama. Meu obstetra achou que eu estava muito tempo deitada e que focava toda a minha atenção na dor. Sugeriu que eu fosse caminhar ou que fosse tomar um banho quente que isso ajudaria a aliviar minha dor. Escolhi a segunda opção e fui tomar um banho quente, com a ajuda de minha irmã, que ficou fazendo massagem nas minhas costas. Nem eu imaginava, mas o banho quente ajuda e MUITO na melhora da dor. Depois de quase uma hora no banho, fiquei um pouco tonta e decidi voltar para a cama. Depois disso, as dores retornaram em uma intensidade 10 vezes maior e ai não teve jeito. Pedi que chamassem meu obstetra, porque eu queria descer para a sala de parto. Neste momento, precisava "desesperadamente" de analgesia. Me prepararam e me encaminharam para a sala de parto. Quando lembro deste momento, é impossível não dar risada ao lembrar da calma do meu obstetra e do meu "desespero". Chegando na sala de parto ele me pergunta: "Juliana, você não quer tentar outras possibilidades antes da analgesia? Aqui tem banheira, bola suíça...". Eu prontamente respondi: " Nãããããããããoooooooo, pelo amor de Deus, eu preciso de analgesia!!!" Só que nem tudo na vida acontece na velocidade que desejamos. Ainda iam me preparar para começar a analgesia e as contrações não esqueciam de mim um minuto sequer.

Feita a analgesia lá pelas 16:30-17:00 horas, o obstetra fez o exame de toque e, para nossa surpresa, eu já estava com 9 cm de dilatação (No exame anterior, eu estava somente com 4 cm de dilatação e minha previsão de parto era para as 23:00 horas).

Não demorou muito e finalmente as dores começaram a diminuir, as coisas ficaram mais tranquilas, comecei a fazer pequenos "puxos" no momento da contração, enquanto conversávamos, contávamos piadas e ríamos. 



Até deu para sorrir para a foto!

Na avaliação seguinte, após o toque, o médico falou: "Chegou a hora! Não faça mais força! Eu vou lavar as mãos e já volto! " (fico arrepiada só de lembrar!). Fiquei na posição adequada e, naquela hora, era para valer. Ele lavou as mãos, se paramentou e falou, ainda: "Agora quando vier a contração, você vai fazer a maior força que puder". E começamos. Nesta hora, se estabeleceu um coro na sala. Meu marido, minha irmã, meu irmão e minha cunhada, todos gritavam: "Vai, vai, vai! Força!!! Já está quase lá! Já dá para ver os cabelinhos! São pretos!". 





Não consigo lembrar quantas "forças" fiz, mas sei que não foram muitas e eis que minha princesa nasceu, exatamente às 18:46 horas. Que sensação maravilhosa! Não só pelo nascimento, mas pela realização de, literalmente, "parir". As palavras me faltam. É algo simplesmente inesquecível e inexplicável. Acredito que qualquer forma de parto nos leve a esta sensação simplesmente pelo nascimento do filho. Mas acredito ainda que participar ativamente do nascimento tenha um "quê" de especial. Não me acho mais mãe ou melhor mãe por conta disso, mas me alegro muito pela minha escolha. Foi simplesmente sensacional e espero que todos os meus próximos partos possam acontecer desta forma. 

Você pode me perguntar: "Doeu?". E eu vou te responder: "Doeu, mas incrivelmente não consigo lembrar da dor! O único sentimento que ficou foi o da satisfação e da alegria por ter vivido um momento tão especial".

Vocês sabem que não faço campanha a favor de parto natural, mas posso me considerar uma encorajadora! Se deem, ao menos, o direito de pensar sobre o assunto. Garanto que, se bem assistido e bem indicado, vocês terão uma experiência maravilhosa e inesquecível!

  

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Hoje fazem 3 meses

Hoje fazem 3 meses da maior ansiedade da minha vida. A ansiedade em conhecer a minha filha, carregá-la no colo, descobrir com quem ela parecia. Ansiedade em saber se conseguiria amamentar e como seria. Ansiedade pelo primeiro banho. Ansiedade por receber meus familiares e amigos para conhecer a minha princesa. Ansiedade por descobrir o maior de todos os sentimentos: o amor de mãe.

Hoje, 3 meses depois, minha ansiedade se foi. Conheci a minha filha, carreguei-a no colo e não descobri com quem ela parecia. Talvez uma mistura de nós dois. Não consegui amamentar. Não dei o primeiro banho. A maioria dos meus familiares e amigos não tiveram a oportunidade de conhecê-la. Mas este amor incondicional carrego sempre comigo e guardarei todos os dias. Obrigada, filha, por me permitir experimentar este sentimento! Obrigada, Deus, pela graça que me foi concedida de ser mãe. 

Desde ontem meu coração transborda de gratidão. Sabe quando você para e analisa sua vida?! Ontem eu fiz isso e descobri que só tenho motivos para agradecer. 

À Deus por seu amor incondicional, por ser presença constante em todos os meus dias. Por ter consolado o meu coração no momento em que a minha dor era insuportável. Por ser Pai e me oferecer o seu colo. Por ser amigo e caminhar ao meu lado. Por ser a certeza que a Tua presença me basta. Como diz um louvor que acabei de ouvir a caminho do trabalho: " Você me amou primeiro/ Atraiu meu olhar / Levou-me ao madeiro pra ver / Só você me amou com um amor assim / De preferir morrer a viver sem mim". 

Ao meu esposo, por ser a prova viva do amor de Deus por mim. Por ser em primeiro lugar um homem temente a Deus. Por ser íntegro e honesto. Por conseguir me olhar todos os dias nos olhos e dizer o quanto me ama. Por ser meu amante, meu amigo e meu companheiro nos momentos bons e, mais ainda, nos ruins. Por ser a minha alegria diária. Por ser o melhor pai que Catarina poderia ter. Por sermos um em Cristo. Eu te amo todos os dias e me alegro por caminhar ao seu lado.

Aos meus pais, irmãos e cunhados, me faltam palavras. Vocês foram a minha força no momento em que eu pensei que não fosse aguentar. Por terem abdicado de suas vidas para terem cuidado da minha, da do meu marido e da minha filha. Por me fazerem compreender realmente o projeto maior de Deus, a família. Obrigada por cada lágrima enxugada, por cada abraço apertado e por me sustentarem mesmo quando vocês não tinham mais forças. Vocês são a minha certeza de que o amor supera todas as coisas.

Aos meus demais familiares, o meu muito obrigada! Por terem estado conosco, ainda que distantes. Seja com uma mensagem, uma ligação ou um abraço apertado e silencioso, quando não se dizia nada e se queria dizer tudo. 

Aos meus amigos, que nunca soube serem tantos. Muitos dizem que é na dor que você reconhece os seus. Feliz por ter reconhecido cada um de vocês. Obrigada aos de perto e de longe! Não precisamos da presença física para sabermos que vocês estavam conosco. Em um mundo de tantos relacionamentos complicados, me deparo com um mar de amor. O amor ágape, aquele que não espera nada em troca. Aquele que vê na felicidade do outro, a sua felicidade. Agradeço a vocês por serem a minha família escolhida! 

Aos meus colegas de trabalhos, em especial aos meus chefes! Vocês não imaginam a diferença que o sorriso de cada um de vocês faz no meu dia a dia. Obrigada por cada abraço apertado e por me fazer sentir muito querida. Obrigada por terem me permitido retornar ao meu trabalho exatamente no tempo que precisei. Por terem se sacrificado por minha causa. Lhes serei eternamente grata.

Por fim, e, não menos importante, agradeço a você, minha filha, minha Cacá! Por ter me escolhido para lhe gerar. Por fazer nascer em mim os melhores sentimentos. Por eu ser hoje, 3 meses depois do seu nascimento, a mulher mais realizada do mundo por ser a sua mãe.

Feliz, feliz, feliz, mesmo quando a saudade dói. Feliz!

Hoje fazem 3 meses e a gratidão é o sentimento que grita dentro de mim!!!