sexta-feira, 11 de julho de 2014

Ainda sobre "parir"

Me desculpem a repetição deste tema por aqui, mas acho que por se tratar de um blog de mãe não existe nenhum mal nisso. Ontem, conversando com algumas amigas, falávamos sobre filhos, gravidez e parto. Naturalmente, comecei a reviver o dia do meu parto. Além de uma imensa alegria, a saudade é muito grande (e não falo isso pelo desfecho). Saudade mesmo. Do dia. Talvez até da dor. Saudade por ter participado tão ativamente do meu parto. E eu gosto muito de contar como foi o dia com detalhes. E como nunca fiz isso por aqui, chegou o momento. 

Tudo começou por volta das 04:00 horas do dia 04/04/2014. Eu, nas profundezas do meu sono, que não era mais tão profundo assim pelo tamanho da barriga, senti uma coisa estranha. Uma sensação de estar perdendo líquido pela vagina, mas, como foi só uma sensação, decidi não levantar imediatamente para checar. Aguardei mais alguns minutos e decidi finalmente levantar para saber o que estava acontecendo. Para minha surpresa, minha bolsa tinha rompido. Calmamente, acordei meu marido e expliquei o que tinha acontecido. Fui tomar banho e ele, eufórico, me perguntava se dava tempo para cortar o cabelo e fazer a barba, afinal ele queria sair bem nas fotos.   

Conseguimos nos arrumar tranquilamente, pegar todas as coisas que já estavam separadas e seguir rumo a maternidade. Eu já tinha avisado ao obstetra, aos meus pais e no caminho fui disparando mil "whatsapps" para todos os meus grupos. 

Chegamos lá um pouco depois das 05:00 horas. Fui inicialmente avaliada pelo médico da emergência, que confirmou que minha bolsa tinha rompido, mas que eu não tinha entrado em trabalho de parto. Depois da batalha para conseguir o internamento, por falta de vagas na unidade, me encaminharam para o quarto.

Por volta das 08:30 horas, meu obstetra chegou no hospital para me examinar e decidir o que iríamos fazer. Ele sabia que eu queria ter parto normal e, naturalmente, indicou que começássemos a indução com a ocitocina. E assim foi feito. Pouco a pouco as contrações começaram e foram aumentando de intensidade. Estavam comigo no hospital, meu marido, meu pai, minha mãe, minha irmã e meu irmão, que estava de plantão no hospital e volta e meia ia ver como eu estava. Durante a manhã, as contrações ainda estavam "fracas" e esparsas. 










Começou a tarde e as dores começaram a ficar cada vez mais intensas, mas no intervalo das contrações eu sentia tanto sono, que não queria levantar da cama. Meu obstetra achou que eu estava muito tempo deitada e que focava toda a minha atenção na dor. Sugeriu que eu fosse caminhar ou que fosse tomar um banho quente que isso ajudaria a aliviar minha dor. Escolhi a segunda opção e fui tomar um banho quente, com a ajuda de minha irmã, que ficou fazendo massagem nas minhas costas. Nem eu imaginava, mas o banho quente ajuda e MUITO na melhora da dor. Depois de quase uma hora no banho, fiquei um pouco tonta e decidi voltar para a cama. Depois disso, as dores retornaram em uma intensidade 10 vezes maior e ai não teve jeito. Pedi que chamassem meu obstetra, porque eu queria descer para a sala de parto. Neste momento, precisava "desesperadamente" de analgesia. Me prepararam e me encaminharam para a sala de parto. Quando lembro deste momento, é impossível não dar risada ao lembrar da calma do meu obstetra e do meu "desespero". Chegando na sala de parto ele me pergunta: "Juliana, você não quer tentar outras possibilidades antes da analgesia? Aqui tem banheira, bola suíça...". Eu prontamente respondi: " Nãããããããããoooooooo, pelo amor de Deus, eu preciso de analgesia!!!" Só que nem tudo na vida acontece na velocidade que desejamos. Ainda iam me preparar para começar a analgesia e as contrações não esqueciam de mim um minuto sequer.

Feita a analgesia lá pelas 16:30-17:00 horas, o obstetra fez o exame de toque e, para nossa surpresa, eu já estava com 9 cm de dilatação (No exame anterior, eu estava somente com 4 cm de dilatação e minha previsão de parto era para as 23:00 horas).

Não demorou muito e finalmente as dores começaram a diminuir, as coisas ficaram mais tranquilas, comecei a fazer pequenos "puxos" no momento da contração, enquanto conversávamos, contávamos piadas e ríamos. 



Até deu para sorrir para a foto!

Na avaliação seguinte, após o toque, o médico falou: "Chegou a hora! Não faça mais força! Eu vou lavar as mãos e já volto! " (fico arrepiada só de lembrar!). Fiquei na posição adequada e, naquela hora, era para valer. Ele lavou as mãos, se paramentou e falou, ainda: "Agora quando vier a contração, você vai fazer a maior força que puder". E começamos. Nesta hora, se estabeleceu um coro na sala. Meu marido, minha irmã, meu irmão e minha cunhada, todos gritavam: "Vai, vai, vai! Força!!! Já está quase lá! Já dá para ver os cabelinhos! São pretos!". 





Não consigo lembrar quantas "forças" fiz, mas sei que não foram muitas e eis que minha princesa nasceu, exatamente às 18:46 horas. Que sensação maravilhosa! Não só pelo nascimento, mas pela realização de, literalmente, "parir". As palavras me faltam. É algo simplesmente inesquecível e inexplicável. Acredito que qualquer forma de parto nos leve a esta sensação simplesmente pelo nascimento do filho. Mas acredito ainda que participar ativamente do nascimento tenha um "quê" de especial. Não me acho mais mãe ou melhor mãe por conta disso, mas me alegro muito pela minha escolha. Foi simplesmente sensacional e espero que todos os meus próximos partos possam acontecer desta forma. 

Você pode me perguntar: "Doeu?". E eu vou te responder: "Doeu, mas incrivelmente não consigo lembrar da dor! O único sentimento que ficou foi o da satisfação e da alegria por ter vivido um momento tão especial".

Vocês sabem que não faço campanha a favor de parto natural, mas posso me considerar uma encorajadora! Se deem, ao menos, o direito de pensar sobre o assunto. Garanto que, se bem assistido e bem indicado, vocês terão uma experiência maravilhosa e inesquecível!

  

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