terça-feira, 25 de novembro de 2014

Sobre cordão umbilical

É inevitável refletir sobre tudo que aconteceu. Tenho buscado refletir em cada detalhe, tentando buscar uma "explicação" ao menos razoável para tudo que aconteceu.  

E foi pensando sobre o problema de saúde que Catarina teve, que pude me "alimentar" de algo vindo diretamente do céu. Durante a vida do feto dentro do útero, eles não respiram. De forma bem simplificada, as trocas gasosas são feitas pela mãe. O oxigênio e o gás carbônico são transportados da mãe para filho e do filho para a mãe, respectivamente. Os pulmões ficam cheios de líquido e só se expandem no momento do nascimento (mais precisamente no momento que o cordão umbilical é cortado). Daí então a criança chora. E foi exatamente neste momento que o problema de Catarina (Hérnia Diafragmática Congênita) se "mostrou". Enquanto ela estava ligada a mim, ela se desenvolveu, cresceu e ganhou peso, como qualquer outro feto. Mas no momento em que nós fomos desligadas uma da outra, o pulmão direito dela, que não tinha se desenvolvido adequadamente, não funcionou como deveria. 

Depois desta explicação o mais simplificada possível, onde quero chegar? Quero, de certa forma, comparar o meu relacionamento com Catarina com o meu relacionamento com Deus. Durante o tempo em que ela esteve ligada à mim, ela viveu normalmente e todas as suas necessidades foram supridas, apesar do seu pulmãozinho mal formado. No momento da separação (corte do cordão umbilical), quando ela precisou do pulmão, ele não consegui atender às suas necessidades. Assim é o nosso relacionamento com Deus. Quando estamos conectados com Ele, temos todas as nossas necessidades atendidas. No momento em que decidimos nos separar de Deus e usar as nossas forças para suprir as nossas necessidades, pode ser que, assim como o pulmãozinho de Cacá não funcionou bem, o seu "pulmãozinho" pode também não funcionar. E isto vai nos levar para onde? Para a morte! E não falo da morte natural (como aconteceu com Catarina), falo da morte espiritual. Falo da vida distante da presença de Deus.

Em Deus, temos todas as nossas necessidades supridas, sejam elas emocionais, materiais e espirituais. O nosso relacionamento com Deus é daqueles cordões umbilicais que não podem ser cortados, pois não existe vida fora da presença de Deus.



http://veja.abril.com.br/blog/genetica/arquivo/o-que-fazer-com-o-cordao-umbilical/

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Motivos para sorrir!

E aí você se pega feliz, em plena terça feira, como que sem motivo e, na verdade, descobre que você tem mil motivos para estar feliz. Sabe por que? Porque Deus é bom e isso não muda de acordo com as circunstâncias. A bondade de Deus é perene! Agradeço ao próprio Deus pelo coração grato que Ele me deu. Agradeço por Ele ter me dado a capacidade de olhar a vida e as circunstâncias, por mais trágicas que sejam, e encontrar sempre um lado bom e um aprendizado.

Muitas vezes ainda tenho a sensação de estar vivendo um sonho, interrompido por um pesadelo. Me descobrir grávida, inesperadamente, foi o melhor sonho que já pude viver. Perder a minha filha foi, e ainda continua sendo, o pior pesadelo que alguém pode ter. O cérebro da gente é uma máquina meio estranha, nossas vivências se misturam com nossos sonhos, com nossas percepções e, muitas vezes, temos dúvida se determinado fato realmente aconteceu. E ai nós olhamos as cicatrizes e percebemos que, de fato, os eventos foram reais e que as cicatrizes estão ali para nos provar que realmente aconteceram. 

Acho que uma das melhores características dos homens é a sua capacidade de superar as adversidades e acho também que é exatamente isso que nos torna tão humanos. Nossa capacidade de sentir as piores dores e ainda assim continuar caminhando.

Agradeço a Deus por me dar todos os dias infinitos motivos para sorrir e por ter certeza que, caso Ele não me desse, eu continuaria a caminhar ao Seu lado. Que local há melhor do que a presença do Pai?

Sigo e vivo pela certeza que os Seus caminhos são os melhores, ainda que os meus olhos não possam ver.  

E o verão está quase batendo à porta e não me faltarão motivos para continuar sorrindo. Porque sorrir faz bem a alma! 


Por Felipe Blanco 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

6 meses da maior saudade do mundo!

Há 6 meses, o meu mundo perdeu as suas cores mais lindas e mais brilhantes. Há 6 meses, o sentimento que me resume se chama saudade. Há 6 meses, parte do meu céu está sempre encoberto por nuvens cinzas. Há 6 meses, meu coração se mantém apertado. Há 6 meses, durmo e acordo pensando em você, minha filha. Na falta que me faz. No vazio sem tamanho que invadiu o meu peito. Sinto falta do último beijo. Do último "eu te amo". E o interessante é que o tempo passa e, de fato, a dor "mais aguda" diminui. Encontra-se força, sabe lá Deus onde, para levantar para mais um dia de trabalho. 

Mas e a saudade? Esta cresce a cada dia. É como se a cada dia que se passa da despedida, acrescenta-se um dia na conta da saudade.

Quando ainda morava no Costa Azul, com meus pais, cada um de nós tinha o seu lugar específico à mesa (e acho que isso é bem comum na maioria das casas). Se algum de nós não estivesse presente em determinada refeição, o lugar permanecia ali, vazio. A minha sensação será sempre a de um lugar vago à mesa. A cadeira da minha filha estará sempre ali, vazia, esperando o dia de nos encontrarmos para ceiarmos todos juntos com o Senhor. 

E o que nos resta? Espalhar pela casa, na forma de fotos, as lembranças que temos ao seu lado. E deixar para sempre ali reservado o seu lugar à mesa e nos nossos corações.



Por Blancorios


E, definitivamente, é impossível superar a perda de um filho! O que tentamos fazer é aprender a lidar com a falta. 

E eu vou seguindo nesta missão de me recriar e de encontrar novas cores no meu mundo. Lembrando sempre da dobrinha no seu queixo, da papadinha no seu pescoço, do seu cheirinho gostoso, da sua pele mais macia. Abrigando dentro de mim o maior amor do mundo e a saudade, cada dia maior. 

Há 6 meses, precisei entregar um pedaço do meu coração para ir morar com Deus! E Vou reaprendendo a viver com o pedaço que me falta.

A você, minha filha, todo o meu amor durante todos os dias! E a minha saudade que cresce a cada dia.    


    

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Sobre as estações do ano e as estações da vida

Gostaria muito de ter escrito este post ontem, mas meus dias tem sido bem corridos, então não consegui. E por que queria ter escrito este post ontem? Ontem teve início a primavera, a estação das flores e eu sou apaixonada por flores. Aqui em Salvador, não temos as estações bem definidas e tudo que a gente acaba notando é que o verão está chegando, com os termômetros marcando temperaturas cada vez mais elevadas. 

Como já disse acima, o que me fez escrever este post foram exatamente as flores. Ontem, elas me fizeram refletir bastante. Nos locais onde as estações são bem definidas, este é o tempo de florescer, bem como no outono é o tempo das folhas caírem. Lembro bem disso acontecendo no último ano, quando estava lá no hemisfério norte, durante o outono, e via as folhinhas caindo aos montes.

E o que as estações do ano tem a ver com a minha vida?! Eu diria que tudo. Na minha vida e, muito provavelmente, na sua também, as coisas acontecem em uma espécie de ciclo, assim como as estações. O verão é tempo de nos alegrarmos. Os dias azuis e quentes nos fazem sair de casa e aproveitar o que a vida tem de melhor. O outono é tempo de nos desfazermos/perdermos algumas coisas, assim como as árvores se desfazem/ perdem as folhas, sejam elas boas ou ruins. O inverno é tempo de nos recolhermos; tempo de reflexão. E a primavera?! É tempo de florescer, fazer nascer o que há de melhor em nós. É tempo de saber que, apesar de termos perdido as folhas e termos passado um tempo refletindo sobre esta perda, precisamos florescer, fazer surgir o que há de melhor em nós. Para, então, aproveitarmos o verão que é o tempo de nos alegrarmos.

E bem assim tem acontecido na minha vida, em especial neste ano. De uma forma que eu diria até bem coordenada com as estações e coisa que eu só percebi agora escrevendo este post.

- Abril foi o meu "mês de outono". Foi o tempo de perder a minha mais preciosa folha.

- Junho, julho e agosto foram os meus "meses de inverno". Foi tempo de me recolher e refletir sobre o que me tinha acontecido.

- Setembro, outubro e novembro serão os meus "meses de primavera". Será tempo de florescer, de fazer surgir em mim as melhores flores para que quando chegarem, então, meus meses de verão, eu esteja pronta para curtir a minha estação da alegria.  

E que, todos os anos, eu possa me renovar. Que os outonos sejam menos dolorosos; que os invernos se mantenham como tempo de reflexão, que as primaveras sejam cheias de lindas flores e que os verões sejam sempre a estação da alegria. 



É tempo de florescer!


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

FÉRIAS

Dezoito dias depois do último post, cá estou eu de volta. Afinal de contas, férias são férias e são uma oportunidade e tanto para nos desligarmos das coisas que ficam por aqui e tentar curtir e relaxar o máximo possível. E foi exatamente isto que fizemos. Foram um total de 16 dias viajando, incluindo o dia que deixamos Salvador e o dia que retornamos. Não podemos reclamar, né?! Férias bem longas e MARAVILHOSAS.

Não vou dizer que deu para descansar o corpo, porque foram dias bem agitados e cheios de adrenalina. Mas a mente agradece. 

A terra do Mickey é realmente encantadora e preciso tirar o chapéu para os americanos, estes sabem o que fazem e fazem jus ao slogan do Magic Kingdom "Where dreams come true". É realmente a terra onde os sonhos se tornam realidade. E ouso dizer que não tem ninguém que resista aos encantos da Disney. Eu mal cheguei e já estou com vontade de voltar. Estava comentando com alguns amigos do quanto gostaria de passar pelo menos uma semana do ano nas bandas de lá. Simplesmente encantada e apaixonada. 



Ah o Caribé e seus encantos. E a monstruosidade do Allure of the Seas. Se tiver a oportunidade de ir, não deixe passar. Vale MUITO a pena! O navio é simplesmente gigantesco. Cheio de atrações, que vão de musicais a shows aquáticos e de patinação no gelo. Entretenimento que vai de piscina para surf e bodyboard a escalada e tirolesa. Um deslumbre. Comida até não aguentar mais e um saldo de 2 quilinhos na bagagem.



Dezesseis dias intensos, de muitas risadas, de poder usufruir da companhia do meu marido e abastecer o nosso casamento de momentos muito prazerosos e um momento único de juntar uma parte da família e desfrutar de momentos descontraídos e maravilhosos juntos.

De tudo isso, um agradecimento especial ao meu Pai, ao meu Deus, que é sempre o responsável pela realização dos meus sonhos. Ao meu marido, que foi o grande responsável pela logística e que fez com que tudo saísse perfeito. Você sabe que os meus melhores dias são ao seu lado. Te amo!

Deve ser meio estranho entrar em um blog chamado "Mãe de Catarina" e dar de cara com o relato de uma viagem. Se eu entrasse neste blog sem conhecer a minha história, acreditaria que este blog se trata de um blog com dicas sobre a maternidade. Infelizmente, ele não trata disto, pelo menos não neste momento. Este blog trata da Mãe de Catarina, eu, meus sentimentos, meu dia a dia, minhas alegrias e frustrações. Acho que não dá para ficar aqui compartilhando apenas minhas dores e frustrações. Acho que vale a pena mostrar o quanto sou feliz, apesar das circunstâncias, e o quanto sou abençoada por tudo que tenho. 

Não existe um dia sequer que eu esqueça que eu sou a mãe de Catarina. Não existe um dia sequer que eu acorde ou durma sem pensar nela. Na falta que me faz, dos momentos vividos na expectativa da sua chegada e dos momentos vivenciados durante a sua estadia por aqui. Absolutamente TUDO me faz lembrar dela. Se vejo uma grávida, se vejo um bebê, se vejo um brinquedo de criança, se entro na minha casa, no seu quarto. Enfim, tudo me faz lembrar a minha filha. As lágrimas ainda insistem em cair, o coração continua apertado. Saudade de senti-la mexer na minha barriga, de carregá-la no colo e de dizer o quanto a amo. Saudade. Sei que serei eternamente saudade e que um pedaço de mim já não vive mais. Tenho ciência que a minha alegria jamais será completa até o dia do nosso reencontro. E tola que sou, me veio um pensamento dos mais ridículos. Como pode minha filha morrer sem conhecer a Disney?! (Rs). Cá sigo eu na certeza de que o lugar que minha filha está é verdadeiramente o lugar "Where dreams come true". Onde a doce presença do Pai é suficiente. 


"Pois metade de mim é partida. A outra metade é saudade" (Oswaldo Montenegro)


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Estou indo ali ser feliz e já volto!

Hoje, teremos dois posts em um!

A primeira parte diz respeito ao desafio que propus há exatamente uma semana na minha linha do tempo no facebook. Segue abaixo o desafio:

Gostaria de propor um desafio (e não é o desafio do gelo). Este desafio funciona da seguinte forma:
- Ele dura uma semana;
- Você pode começar qualquer dia (de preferência hoje mesmo);
- Objetivo: toda vez que você for reclamar de alguma coisa, tente lembrar imediatamente de algo bom relacionado ao problema. Vamos aos exemplos para que fique mais fácil. Ex. 1: você está enfrentando problemas no trabalho, ao invés de reclamar, simplesmente agradeça por ter um emprego; Ex. 2: você está parado em um super engarrafamento, ao invés de reclamar, simplesmente agradeça por ter um carro e, caso não tenha, agradeça por ter dinheiro para pagar a condução; Ex. 3: sua / seu cônjuge fez algo que lhe deixou irritado(a), ao invés de reclamar, simplesmente agradeça por todos os outros momentos em que ele(a) te faz tão feliz.
- Resultado: volte aqui neste post e me conte o que aconteceu na sua semana. Se nada mudou e você está me achando uma idiota, se sua semana se tornou pior ou um tantinho melhor. 

E aí?! Alguém cumpriu o desafio? Vou contar para vocês que me saí bem, mas talvez a justificativa para eu ter me saído tão bem venha ai na segunda parte deste post.

Estou aguardando a resposta de vocês! Lembrem-se que pedi para vocês voltarem nem que fosse para me chamar de idiota. 

A segunda parte diz respeito ao fato de eu ter me comportado tão bem no desafio. Já venho há 2 semanas em um ritmo bem intenso de trabalho pela mais nobre das causas: FÉRIAS! Estou embarcando agora a noite para os EUA. Vou ali dar uma voltinha na terra do Mickey (e da Minnie) e depois uns mergulhos no mar do Caribe! Vou tentar fazer uns videos para mostrar a vocês depois por aqui, mas não prometo. Eu e meu marido ficamos querendo curtir tudo e acabamos esquecendo até mesmo de tirar fotos. Ou seja, não dava para reclamar em véspera de viagem.

Estou muito feliz e muito animada com esta viagem! Inicialmente, vamos só eu e meu marido para a Disney e depois nos juntamos a um grupo de mais 12 pessoas e partimos de navio para o Caribe! E viajar em família é sempre uma delícia. Agradeço a Deus pela oportunidade! O que a gente queria mesmo era estar trocando fralda de cocô e acordando 4 vezes no meio da madraguda, mas infelizmente não foi esta a vontade de Deus! E, como eu mesma propus no desafio, não vai adiantar nada eu ficar reclamando da vida ou da forma "cruel" como ela pode, por ventura, estar me tratando. Pelo contrário, prefiro agradecer e saber que, mesmo em meio a tamanha dor, ainda encontramos motivos, e muitos, para sorrir! 


                                            


Estou indo ali ser feliz e já volto!






segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Amor de mãe

É engraçado lembrar de quando as pessoas me diziam: "Você só vai entender o amor de mãe no dia em que você tiver filhos". Eu concordava com a ideia, mas achava que conseguia ao menos imaginar como seria este amor. E me enganei. Afirmo categoricamente que ninguém consegue sequer imaginar como é este sentimento antes de se tornar mãe. Ele é instantâneo  e não pede para surgir. Chega com a força da água na queda da cachoeira, invade a nossa essência e nos transforma para sempre. Nenhuma mulher é mais a mesma depois de dar a luz. Ser a mesma depois que o seu coração bate fora do seu corpo não é para nós, mulheres. O fato de ter nosso coração fora do corpo não nos torna mais fracas e vulneráveis, muito pelo contrário, faz surgir em nós uma força inimaginável. Nos transformamos em verdadeiras leoas cuidando da cria. É um sentimento maior que nós mesmas, avassalador, que não pede permissão para surgir. Somos tomadas pelo mais doce dos sentimentos, pela maior das forças e pela intensa alegria por poder gerar vida. 

A maior nobreza do amor de mãe está na essência do amor. Quem ama, não deseja nada em troca. A mãe só deseja a felicidade do filho, ainda que isso possa custar a sua própria felicidade. 

Me lembro como hoje do dia em que me tornei mãe. A emoção do nascimento, o amor que é instantaneamente derramado sobre nós, só quem é mãe entende do que estou falando. Da mesma forma como o amor, todas as preocupações naturais da mãe vem também instantaneamente. Lembro da minha angústia, e isso ainda aperta o meu coração, ao perceber que minha filha não chorava, que a equipe de neonatologia precisou levá-la, que precisaram intubá-la e, finalmente, levá-la para a UTI. Ouço agora as palavras como se fosse hoje: "Vamos precisar levá-la para a UTI". Dói muito! É como se enfiassem uma faca no peito. Como assim levar minha filha para UTI? Imagino a minha cara de terror, pior ainda por não sabermos ao certo o que estava acontecendo. Como pode ser uma mãe separada do filho logo após o nascimento?! É uma daquelas dores que carregamos na alma. 

Não foram poucas as vezes que senti meu coração dilacerado. Cada susto e cada piora eram como se estivessem, de fato, enfiando uma faca no meu peito. Meu Deus, que amor é esse? Realmente difícil de explicar. 

Lembro do dia anterior à partida de Cacá. Ela tinha apresentado pela segunda vez um pneumotórax ("uma complicação onde entra ar no espaço pleural, que deveria estar vazio - é um espaço virtual"). Eu tinha entrado na UTI há poucos segundos e percebi que os parâmetros dela de oxigenação tinham baixado muito, chamei imediatamente a equipe, que prontamente veio checar. Como normalmente acontecia, eu já estava extremamente ansiosa e, pela graça de Deus, quando olhei para o lado, vi a cirurgiã que a acompanhava. Ela pediu que eu esperasse lá fora. Lembro de ter andando para a saída e olhado em direção ao céu e ter dito: "Senhor, eu não aguento mais!". Era muita dor! Era muito sofrimento! Como me doeu e ainda me dói lembrar da minha filha sendo submetida a tantos procedimentos invasivos, a tantos exames diários, como desejava estar no lugar dela e sentir em mim toda aquela dor. 

Na manhã seguinte a este dia, recebemos a notícia que Cacá tinha ido morar com o Pai. Nossa como doeu e dói muito até hoje. Não existe sequer um dia que não acorde e durma sem lembrar dela. De toda ansiedade, de toda alegria e de toda a angústia. Ainda não consigo entender, talvez nunca consiga e talvez não seja para entender mesmo. É como amor de mãe, a gente não entende, apenas sente.

E hoje eu vinha a pensar que a morte de um filho é como uma mudança para outro país.

Quando um filho decidi se mudar do país, para tentar sua "sorte" em outro, o coração da mãe se destroça, mas ela continua ali firme. Mãe supera dor pela alegria do filho. Ela deseja que o filho seja feliz, que alce voos nem sequer imaginados. A mãe do filho que se muda para outro país, ainda que sinta dor, é mãe realizada. Não criamos filhos para nós, mas para o mundo. A mãe do filho que se muda para outro país é a mãe que vive na expectativa do reencontro. É a mãe que não compreende, mas vive pela fé de que aquele é o melhor caminho.

Assim é a mãe do filho que se mudou para o céu. O coração da mãe se destroça, mas ela continua ali firme. Mãe supera dor pela alegria do filho. Ela deseja que o filho seja feliz, que alce voos nem sequer imaginados. A mãe do filho que se muda para o céu, ainda que sinta dor, é mãe realizada. Não criamos filhos para nós, mas para o mundo. A mãe do filho que se muda para o céu é a mãe que vive na expectativa do reencontro. É a mãe que não compreende, mas vive pela fé de que aquele é o melhor caminho. E o que é esta pequena separação diante de uma eternidade juntos?!

É como amor de mãe, a gente não entende, apenas sente.


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

"De boas intenções, o céu tá cheio!"

Uma das vantagens de se ter um blog é que posso escrever aquilo que penso e acredito e que, aqueles que leem, podem refletir, ainda que não concordem, sobre o que escrevo. 

Há alguns dias que venho pensando sobre a forma como muitos de nós vive. Temos a triste mania de ver sempre o lado ruim das coisas. O que me fez refletir sobre isso foi o polêmico "desafio do gelo". Eu realmente me diverti ao ver famosos tomando banho com um balde de gelo e fiquei feliz com aqueles que acreditaram na causa e fizeram suas doações. Imediatamente, começaram a pipocar também os críticos que, mesmo sem saber quem doou ou não, diziam ter sido o movimento apenas uma maneira de se auto promover. Acredito que para alguns isso foi sim uma maneira de "aparecer", mas quem sou eu para julgar as intenções das pessoas?! Eu prefiro acreditar, ainda que sendo considerada ingênua, que muitos deles fizeram sua doação e acredito também que ainda que apenas um deles tenha feito a doação, já valeu a pena. Se apenas $100 tiverem sido doados, apesar de tantos baldes de gelo, alguém com certeza vai ser beneficiado com isso.

Alguns vão me questionar e ainda vão lembrar do conhecido jargão de que "de boas intenções, o inferno tá cheio". Eu prefiro acreditar que, muito mais cheio do que o inferno, está o céu de boas intenções. Acredito nas boas intenções dos que lançaram o desafio, daqueles que ajudaram e não vejo a ação como um simples desperdício de água. Até peço desculpa por estar julgando, mas já me julguei também em relação a isso. Será que eu e todos vocês estamos realmente preocupados com as crianças que morrem de sede na África? Lembramos disso durante nossos demorados banhos? Ou quando mergulhamos em uma deliciosa piscina em um dia ensolarado? 

Vamos julgar menos as intenções do outro. Vamos acreditar que, antes de uma medida de auto promoção, uma causa nobre tem sido beneficiada. Quem já teve contato com um paciente com ELA sabe do quão difícil e dolorosa é esta doença! A causa é nobre e não vai deixar de ser porque 2 ou 3 ou 1000 jogaram um balde de gelo na cabeça para se auto promover.

A campanha do "desafio do gelo" é apenas um exemplo que falou comigo de como podemos encarar a vida. Devemos nos apegar ao lado ruim das coisas ou devemos ver que, sim, o céu tá cheio de boas intenções?! Valorize as qualidades e as atitudes nobres daqueles que o cercam e aprenda a conviver com os defeitos. Como diz a famosa frase: "Já que não podemos mudar o mundo, sejamos a mudança que queremos nele". 

Como disse uma amiga (espero que ela não se importe por colocar isso aqui): "Generosidade...vindo de quem nem se espera. Obrigada, Deus! É por isso que eu confio e sigo a fazer amigos e a confiar no ser humano, porque de um grupo inteiro de pessoas do bem, um babaca ou outro pouco significa. O que se perde é pouco diante do muito que se ganha".

Eu tenho procurado fazer isso na minha vida! Procurado ver o lado bom de tudo! E sigo a acreditar no ser humano.

Não quer contribuir com a campanha em benefício da ELA (eu também não contribui), não faça. Mas basta olhar para o lado que tem alguém precisando de você. Do seu sorriso, do seu abraço e, muito mais do que tudo isso, do seu amor.

domingo, 17 de agosto de 2014

O valor da família

Neste últimos dias houve uma comoção nacional pela morte de Eduardo Campos e de sua equipe. Não é de se estranhar. O presidenciável esteve em entrevista no Jornal Nacional, na noite anterior à tragédia e à sua morte. Sim, fiquei abalada e triste, não porque morria um grande político ou porque ele possivelmente faria diferença no futuro político da nação. Fiquei abalada e triste pela morte do filho, do marido e do pai. Da mesma forma como fiquei abalada e triste pela morte de Dr Marcos Araújo, pela morte do filho, do marido e do pai. Qual a semelhança nisto tudo? Será que a comoção maior vem pela morte do grande médico ou político, ou pela morte de dois chefes de família. 

O que vemos da história de Eduardo Campos, pela comoção de sua esposa e filhos, pela declaração apaixonada que os filhos fizeram dias antes do acidente pelo dia dos pais, é que ele era, antes de qualquer coisa, um homem que prezava pela sua família. Não o conheci, tão pouco sua mulher e filhos, e talvez seja fácil achar que tudo corria bem, mas pelo que vi nos últimos dias, creio que sua família era, sim, muito bem estruturada.

O que eu realmente acho que comoveu fortemente o país foi a morte de um pai de família. Mas por que? Porque a nossa sociedade hoje carece deste princípio básico. A família é o início de tudo e é a menor e mais importante estrutura da qual fazemos parte. Não se constrói um país forte com famílias destruídas. O futuro de muitos dos jovem frutos de lares e famílias conturbadas é, muitas vezes, um futuro de frustrações. Jovens que não acreditam no outro, por terem seus laços enfraquecidos; jovens que não entendem de amor, porque não foram amados. A destruição dos laços familiares, a falta de amor nos lares muito provavelmente é a principal causa dos males que vemos no Brasil e no mundo. Aqueles que não obedecem seus pais, possivelmente serão aqueles que também infringirão as leis do Estado; aqueles que não respeitam seus pais, tão pouco serão capazes de respeitar o próximo; aqueles que foram agredidos, possivelmente virão a se tornar agressores; aqueles que não foram amados, perdem, muitas vezes, a capacidade de amar.

O que Eduardo Campos deixou de legado para minha vida foi o exemplo da família que ele construiu. Eu acredito e sou completamente apaixonada por esta instituição. Não acredito que Eduardo Campos era o futuro da nação. Acredito que famílias, como a dele, são o futuro da nação.

Creio e oro para que a família dele "sobreviva" a esta tragédia. Que a morte não seja a quebra do elo que os une e, sim, a força que o mantém. Da mesma forma como a morte de Catarina, naturalmente, nos trouxe a maior e pior das dores, o que nos fez caminhar e "sobreviver" foi, sem dúvida nenhuma, esta instituição preciosa, que é a família. 

Cuide da sua família, ela é o que há de mais precioso na sua vida e a certeza de que através dela podemos construir um futuro melhor.   

"Não vamos desistir do Brasil", mas, antes disso, não podemos desistir das nossas famílias.   


www.correio24horas.com.br


   

domingo, 10 de agosto de 2014

Dia dos pais

Há pouco uma amiga publicou no facebook algo como: " Está aberto o concurso de melhor pai do mundo! Já vi fotos de vários candidatos!". Entendi perfeitamente a brincadeira e achei graça. Ainda mais cedo, eu e minha irmã comentávamos que hoje estávamos conhecendo os pais de muitas pessoas, tamanho o número de mensagens e homenagens. Parei para refletir um pouco sobre isso e muito me alegrei. Feliz em ter tantos amigos e conhecidos gratos pelo pais que lhes foram dados. Aos que ainda estão por aqui e aos que se foram e deixaram muitas saudades.  Honrar pai e mãe é mandamento de Deus e porque não usar o dia de hoje para uma homenagem especial?! No dia de hoje deixamos para trás todas as falhas e defeitos, esquecemos que, como seres humanos, nossos pais estão sujeitos aos nossos mesmos erros, mas olhamos para eles com o coração cheio de gratidão, cheio de alegria por tê-los por perto, por todo o amor que eles derramam diariamente sobre as nossas vidas. Sim, temos vários melhores pais no mundo! E o melhor Pai nos céus! 

Minha singela homenagem aos pais da minha vida! Meu pai e o pai da minha filha. Dizem que uma mulher procura no seu companheiro a figura do seu pai. E eu encontrei! Depois de tantos anos de convivência com o meu pai, vejo hoje no meu marido as mesmas características. Humildade, honestidade, temor a Deus, amor ao próximo e, além de tudo isso, dois homens que tem um amor imensurável pela família e que lutam com todas as forças pelas suas. 

Vocês são os melhores pais do mundo e eu e Catarina somos muito gratas por tê-los nas nossas vidas! 

Amamos vocês.


O meu pai!


O pai de Catarina!


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Porque 28 anos não são 28 dias

Não tenho como começar o post de hoje com uma música mais adequada:

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Ah meu Deus! Eu sei, eu sei. Que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita..." (Gonzaguinha)

Viver 28 anos não é uma caminhada longa em si, mas o tanto de experiências que pude vivenciar até aqui, me transformaram no que sou hoje. E posso dizer tranquilamente que sou uma mulher realizada. Pode até parecer estranho ou falta de humildade, mas me alegro muito pelo que vivenciei e pela pessoa que me tornei. Infelizmente, crescemos muito mais na dor do que no amor. E para as dores temos duas opções: sucumbir ou fazer delas o trampolim para o nosso crescimento. Meus 28 anos de vida foram, sem dúvidas, muito mais cheios de amor do que de dor. Mas existem dores tão profundas, que geram cicatrizes tão mais profundas, e que são responsáveis por mudar nossa essência.

Eu não sou uma pessoa fácil, reconheço isso tranquilamente e sei que entristeci e magoei muitos dos que passaram pela minha vida. Mas, pelos tantos que permaneceram, creio que gerei mais alegrias do que dores. 

Acho que toda mulher que gera um filho dentro de si é transformada, independente de qualquer coisa. A gestação traz, junto com ela, muito ansiedade e muito medo, mas também muita força. A morte traz, junto com ela, uma dor infinita e uma tristeza avassaladora, mas também muito crescimento e amadurecimento.

A gravidez fez surgir em mim um amor infinito e a morte um crescimento e uma força sem iguais. Somos transformados pelo amor, mas crescemos na dor. Com humildade, me alegro pela pessoa que me tornei. Alguém que entendeu que longe da presença de Deus não há vida; alguém que tem tentando semear amor na vida do próximo e tem colhido estes frutos; alguém que passou a olhar a vida com mais carinho e aprendeu a sorrir para as dores e a valorizar os detalhes.

Sou uma menina mulher de riso fácil; que fala alto, mas que hoje procura palavras mais doces; que tem em si uma força para enfrentar qualquer obstáculo; uma alegria de viver que muitas vezes constrange. Pode até lhe parecer estranho, mas, todas as vezes que sorri, mesmo diante de toda a dor, o sorriso foi sincero. Estou muito longe da plenitude que gostaria de alcançar como pessoa, muito longe de chamá-los para serem meus imitadores como eu sou de Cristo. Mas, sigo em frente, sabendo que Jesus é o meu alvo. 

Eu vivo e não tenho absolutamente nenhuma vergonha de ser feliz. Eu canto, porque a música arranca de nós as dores. Eu sigo, sendo uma eterna aprendiz. Ah meu Deus, eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso depende de mim, das minhas escolhas e da minha fé e não impede que eu repita: É BONITA, É BONITA E É BONITA..." (Assim mesmo em letras garrafais).  

Sou muito feliz e realizada e nunca me canso de agradecer a Deus e a cada um de vocês que tem contribuído para esta felicidade!

À Deus. Ao meu marido. À minha filha. Aos meus pais. Aos meus irmãos e cunhados. Aos meus demais familiares. Aos meus amigos. À todos aqueles que passaram pela minha vida e fizeram a diferença. Pode parecer hipocrisia, mas definitivamente nada pode fazer o dinheiro, quando não temos quem amamos ao lado (e eu bem sei disso).

E vou vivendo a cantar para a vida, que ela é bonita, é bonita e é bonita!

Porque 28 anos não são 28 dias! E que os próximos 28 anos sejam ainda mais bonitos.

Obrigada! 

E eu sempre me encanto com a beleza das flores e com a beleza da vida 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Para a morte, não há nada que possamos fazer. Para os relacionamentos, tudo.

"Um pai não deveria enterrar um filho. E eu pensei noutro dia, algo diferente. Na verdade, um filho não deveria ver a separação dos pais. Eles deveriam, na verdade, acompanhar; os pais deveriam acompanhar seu filho, para que ele (o filho) se inspirasse neles, nos pais juntos. Para perpetuar o relacionamento e corrigir muitas destas coisas que acontecem nesse mundo todo por não ter esta estrutura maravilhosa, que Deus criou para ser perfeita. Ela não tem o lado ruim, o ruim está na gente, está nas nossas falhas, que acabamos levando para o relacionamento."  (Votos de Bruno no dia do nosso casamento)


   A grana tava curta e nosso querido amigo Lins fez esta filmagem pelo celular
                                                      
A data de hoje é especial, dia 04/08/2014. Hoje, completamos 6 anos do primeiro passo do resto das nossas vidas. Desde o primeiro "sim", quando começamos a namorar, sabíamos que seria para sempre. Hoje também fazem 4 meses da chegada do nosso maior e melhor presente, nossa filha Catarina.

Há pouco mais de 3 anos, no dia do nosso casamento, não imaginávamos que estas palavras fossem se tornar tão reais nas nossas vidas. Realmente, não deveria um pai enterrar seu filho, isto foge as "regras" da natureza. Mas, infelizmente, isto acontece e aconteceu conosco. Este acontecimento está muito além da nossa capacidade de compreensão e, mais ainda, da nossa possibilidade de mudá-lo. Para a morte, não há nada que possamos fazer. Para os relacionamentos, tudo. Sim, somos responsáveis pela forma como nos relacionamos e pela situação que se encontram nossos relacionamentos hoje. O fim de um relacionamento é pura e simplesmente responsabilidade daqueles que se relacionam. Para a morte, não há nada que possamos fazer. Para os relacionamentos, tudo. Nada pudemos fazer pela morte de Catarina, mas todos os dias temos lutado para transformar nosso relacionamento, para torná-lo cada dia melhor. Temos crido no propósito maior da criação de Deus, que é a família. Ele nos criou para sermos família com Ele. E assim temos buscado, dia após dia, sermos família com Ele. Para a morte, não há nada que possamos fazer. Para os relacionamentos, tudo.   

Enfrentamos e temos enfrentado, JUNTOS, todos os dias que se seguiram à morte de Catarina. E é muito duro, sim, perder um filho. Mas vivemos pela esperança do reencontro. E, enquanto este dia não chega, vivemos por cumprir as promessas que fizemos um ao outro no dia 19/03/2011. Catarina não teve e nunca terá a tristeza de ver os seus pais separados. A sua chegada só serviu para reafirmar ainda mais o nosso amor e para nos tornar ainda mais unidos e certos de que fizemos a melhor escolha! 

Hoje, no dia 04/08/2014, seis anos depois do primeiro "sim", eu reafirmo o meu amor e repito: " E eu quero te dizer que eu te amo, que você é o homem da minha vida e que eu estou disposta, sim, a subir a mais alta montanha, o mais alto pico, ganhar o maior prêmio para estar junto com você. Eu te amo!" 

Reitero ainda o que escrevi no dia dos namorados: "Isso tudo porque ele me chamou para escalar uma montanha com ele e eu aceitei o desafio. Não sabíamos nós os percalços que precisaríamos encarar, mas prometemos que iríamos juntos até o fim, até o topo da montanha. Aqui estamos nós, mais fortes, mais unidos, construindo um amor ainda mais forte, sabendo sempre que teremos um ao outro."

Estes foram os primeiros seis anos do resto de nossas vidas! Sei que muitas coisas lindas o Senhor tem preparado para nós e, assim como foi no dia do nosso casamento, os céus e o mar darão testemunho para a Glória dEle. 

Seguimos juntos, de mãos dadas, desbravando o mundo porque "melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa" Ec 4-9:12.   


segunda-feira, 28 de julho de 2014

A efemeridade da vida

Acabo de receber a notícia da morte prematura de um colega, professor por vocação e não por formação, educado, gentil, que fazia medicina como poucos. Não sei detalhes, mas, como mais um paradoxo da vida, ele, cardiologista, morre prematuramente por problemas cardíacos. 

Mesmo só tendo tido um pequeno contato com ele ainda nos tempos de faculdade, sempre admirei sua ética, seu cuidado e compromisso com seus pacientes. Senti uma tristeza profunda! Tristeza pela família, por sua esposa e seus dois filhos! O coração apertado e ainda sem acreditar. 

Inevitável pensar sobre a efemeridade da vida. Sim, em um momento estamos, no outro não estamos mais. É sobre aquilo que falei há poucos dias sobre o HOJE.

Independente da nossa fé, não estamos preparados para a morte. Lembro do dia do velório de Catarina. Nosso pastor deu uma breve palavra, que tocou nosso coração profundamente e nos trouxe a paz de Jesus, aquela que excede todo o entendimento. Ele usou palavras simples: "Hoje não temos 'bom dia', nem 'boa tarde'. Hoje estamos tristes. Não sabemos lidar com a morte! Com a perda. O que sabemos é que Catarina conseguiu extrair o melhor de nós! O amor! Estivemos todos os dias em oração movidos pelo amor! Não tenho mais o que falar, só me coloco a disposição para o que vocês precisarem!'

E é bem por aí. Ainda tenho dificuldade em lidar com a perda prematura da minha filha e sinto hoje a dor desta mãe que perde o seu filho também prematuramente (acredito, apesar de não ter certeza, que a mãe dele ainda seja viva), da sua esposa e dos seus filhos. Nenhuma palavra é capaz de aliviar a dor. Somente um abraço apertado acalenta o coração. E só o amor, este sim, nos permite superar todas as coisas.

Por isso insisto: amem; declarem o seu amor; estejam juntos; evitem desentendimentos desnecessários; vivam o hoje, porque o amanhã pode ser tarde demais.

O que desejo aos familiares é aquilo que me foi concedido! O conforto dos céus! A paz de Jesus que excede todo o entendimento! O entendimento de que para todas as coisas existe um propósito, ainda que não entendamos! Que o tempo cura todas as coisas! E que o AMOR, e somente ele, supera todas as dificuldades.

Que nosso amado Pai vos console! 

domingo, 27 de julho de 2014

Dia dos avós

Ainda que atrasada, não poderia deixar de homenagear os melhores avós do mundo. Não tenho dúvidas que Catarina sentiu todo o amor e carinho que vocês tiveram e tem por ela. Ainda lembro como hoje do dia em que anunciamos a chegada de Catarina. Foi no dia da comemoração antecipada do dia dos pais do ano passado. Após muita busca no shopping, procurando um presente para avô, encontramos um lindo pijama com dizeres sobre avô. O jantar aconteceu na casa dos tios de Catarina. Cheguei lá, mas não entreguei imediatamente o presente. Esperei todos chegarem e se acomodarem. Resolvi então dar o presente. O avô de Catarina abriu o presente (ele tem um certo lag para entender as coisas) e ficou me olhando sem entender. Meu primo Ric olhou para mim e eu coloquei a mão na barriga. Depois disso foi uma comoção generalizada. Abraços para todos os lados. Lágrimas escorrendo pelos rostos. Pulos de alegria. O avô de Catarina demorou uns 5 minutos para entender o que estava acontecendo.

A partir daquele dia surgia um amor sem fim. Os avós de Catarina acompanharam toda a gestação de perto. A cada mínima descoberta, uma comemoração. Qualquer alteração, uma preocupação. Fizeram com o maior amor do mundo todo o enxoval nos EUA. 

Quando ansiedade pela chegada da pequena! 

No grande dia, foram avisados imediatamente quando a bolsa rompeu e foram em seguida para a maternidade. Infelizmente, a avó de Catarina não pode estar durante todo o dia no hospital e vi nos seus olhos a tristeza por não poder fazê-lo (o dever a chamava). Após uma aventura automobilística, ela chegou ao hospital ainda antes do parto. 

Os dias que se seguiram foram de grande angústia. Pequenas melhoras e pioras ao longo dos dias. A fé deles era inabalável. Mesmo trabalhando todos os dias, durante o dia todo, eles não deixaram de ir ao hospital em nenhum dos dias. Ainda que por 5 minutos e em silêncio, eles faziam questão de estar no horário da "visita dos avós". 

No dia que Cacá se foi, eles providenciaram, junto com amigos, todas as coisas. Eu e meu marido não tínhamos condições de pensar em nenhuma burocracia. Mesmo com toda a tristeza, eles não exitaram em nos apoiar em todo o tempo.

Agradeço a vocês por terem sido e por serem os melhores avós do mundo e por terem amado intensamente a minha filha! 

Mãe, você não corre mais o risco de morrer frustrada! Deus já lhe concedeu o sonho de ser avó. Mas não tenho dúvidas que você ainda terá a oportunidade de curtir muitos outros netos e que continuará a ser a melhor avó do mundo.

Obrigada de coração!


No chá de fraldas de Cacá!

Cacá hoje está ao lado dos seus queridos bisavós: Bisa Leo, Biso Artininho e Bisa Bilú. Ela não poderia estar em melhores companhias!

Ao meu avô Ilton, todo o meu amor! Obrigada por ter vindo imediatamente ao nosso encontro depois do nascimento da nossa princesa e por ser o melhor biso do mundo! Que o senhor permaneça ainda por muitos anos na nossa companhia e que tenha o prazer de curtir todos os bisnetos que ainda virão. Amamos você! 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre fé

Estava me amarrando há algum tempo para escrever este pequeno texto, mas como foi Deus quem mandou, a gente obedece. Eu sempre oro a Deus para que Ele não deixe que a vaidade e a soberba subam ao meu coração. Durante estes últimos meses, ouvi muitas vezes a frase: "Você é um exemplo de fé!". É nesta hora que a soberba e a vaidade querem chegar com toda a força no coração, daí o motivo da oração. Acontece que, dia desses, enquanto eu orava a respeito disto, Deus me falou claramente (mas não tão duramente assim): "Você não é 'exemplo' de fé!. Você vive as situações da forma que você tem que viver. Não basta dizer que crê em mim e no sacrifício de Jesus, são as suas atitudes que dão o seu testemunho de fé. É na dificuldade que sua fé é 'testada' e 'aprovada' ". E realmente a palavra diz que: "Sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11:6) e "Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma" (Tg 2:17).

Para mim, o resumo foi: Não fez mais que a sua 'obrigação'!  

Vamos combinar que, como Deus é Pai e Pai de amor, Ele me falou isso de uma forma muito mais doce.   

Espero que tenham entendido o recado! Voltarei com palavras mais doces. 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Somos felizes com o que temos

Eu já disse por aqui que eu adoro clichês. Mas existe uma explicação para isso. Sabe aquela antiga conversa de que devemos aproveitar o dia de hoje, agradecer pelo que temos e não lamentar por aquilo que perdemos ou deixamos de ganhar. Este é um daqueles clichês que precisamos lembrar todos os dias. 

Não é incomum estarmos insatisfeitos, reclamando por aquilo que ainda não temos. Esquecemos de olhar a nossa volta, de agradecer por tudo aquilo que já nos foi concedido. Eu sei que o que nos impulsiona a seguir em frente são nossos sonhos e projetos, mas não podemos estar tão focados neles, a ponto de deixar passar tudo que está a nossa volta hoje.

É o conhecido clichê do: "O futuro ainda não existe e, quando chegar, deixará de ser futuro, para ser presente. O passado já deixou de existir e, quando existiu ainda não era passado, mas sim, presente. O PRESENTE É O ÚNICO MOMENTO QUE REALMENTE EXISTE PARA NÓS!" 

O meu passado "mais recente" me traz as lembranças mais alegres, mas também as mais dolorosas. Ainda me pego frequentemente pensando em todos os acontecimentos desde o momento da descoberta da gravidez até o dia da partida de Catarina. De certa forma, estas lembranças me estristecem um pouco e também me enchem de alegria. Mas não posso viver me alimentando destas lembranças. Acho que toda mãe que perde um filho tem muito medo de esquecê-lo, de esquecer as feições, os detalhes, os momentos que passaram juntos. Parece até meio tolo, porque é impossível esquecer um amor tão grande e sobrenatural, mas temos apego às lembranças materiais e não àquelas que são imateriais e ficam cravadas na nossa alma. É importante que as lembranças estejam , porque o que somos hoje é fruto daquilo que vivemos, daquilo que experimentamos. Mas não podemos estar excessivamente apegados ao passado a ponto de esquecer do agora, do hoje.

Ah, o futuro! O futuro das projeções mais doces, dos sonhos realizados. O futuro da grande família constituída, da realização profissional, das viagens mais inusitadas. Ah, o futuro! Este a Deus pertence. E como sou feliz por entregar o meu nas mãos dEle.

O presente é agora! Este é o maior dos clichês, mas continuamos insistindo em deixar de vivê-lo. Sempre que eu compro alguma roupa nova ou ganho de presente, fico ansiosa em usá-la e sempre brinco: "Imagina se eu morrer amanhã?! Vou deixar esta roupa novinha para outra pessoa usar?" Não incentivo as pessoas a agirem de maneira inconsequente, sem pensar no futuro ou nas consequências das suas atitudes. Mas não desejo que estejam tão apegadas ou projetando um futuro brilhante e esqueçam que a vida é agora. O livro de Eclesiastes é muito claro ao falar que há tempo para todos os propósitos debaixo do céu. Há tempo de chorar e tempo de rir. 

Retirado do instagram "eu me chamo antônio"

Ainda que hoje seja o seu tempo de chorar, chore, vivencie as suas dores, mas lembrem-se que elas não são eternas! Eu posso falar sobre isso com uma certa propriedade. Vivenciei o tempo das minhas piores dores e, até nele, vivi intensamente! Chorei durante dias, não senti vontade de fazer absolutamente nada, perdi até a esperança de viver dias melhores e mais alegres, tamanha era a minha dor. Mas tudo passa e, o fato da minha dor estar diminuindo, não tem nada a ver com o tamanho do amor que sinto pela minha filha. Tem a ver com o entendimento de que "TODAS as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e daqueles que são chamados conforme o Seu propósito". Hoje me sinto uma pessoa transformada, alguém que vivenciou a pior dor, mas que, pela graça de Deus, tem conseguido seguir em frente, ainda mais forte. Alguém que aprendeu a olhar a vida com mais carinho, a olhar o outro com mais amor e a viver o presente como uma dádiva divina. 

Na última quarta feira fomos, eu e meu marido, para o Rio de Janeiro para tirarmos o visto americano. Chegamos lá já no final da tarde, mas não poderíamos perder a oportunidade de dar uma primeira volta pela cidade. Somos amantes do mar e nada mais revigorante do que um passeio a beira da praia, seguindo do Leblon até o Arpoador. Alguns minutos sentados, apreciando a paisagem e jogando conversa fora. Tenho um carinho especial pela cidade. Sempre foi o meu destino de férias anuais; local das minhas lembranças de infância, as mais deliciosas possíveis. Não sei bem explicar, mas gosto da energia, do astral da cidade. Amo ver as pessoas andando pelas ruas, sejam velhos ou crianças. Amo andar de bike e ter ciclovias que me permitam fazer isso. Amo principalmente as paisagens. Deslumbrantes as vistas do alto dos morros. Olho para todos os cantos e vejo a beleza e a perfeição da criação. E como não sentir a presença de Deus diante de tudo isto?! 


Do alto da Pedra Bonita
                     
Desbravar o mundo com quem amamos tem destas coisas. Todos os momentos, desde os mais simples até aqueles mais especiais e esperados, são gostosos de serem vividos. E eu aprendi que o momento de ser feliz é agora. 

                                   


                            

A felicidade não está condicionada a grandes eventos. Felicidade é sorrir sem motivo aparente; é sentar a beira do mar e sentir a brisa; é jogar conversa fora; é comer pipoca e brigadeiro e assistir um bom filme; é trabalhar com aquilo que a gente gosta; é abraçar; é gargalhar, sentir a barrigar doer de tanto rir; é almoço de sábado em família; é reunir os amigos em casa, mesmo quando não tem cadeira para todo mundo sentar; é rolar na cama domingo de manhã, com preguicinha de levantar; é passear de mãos dadas; é viver os dias com prazer; é AMOR. Deus é amor e nossa felicidade está nEle. 

E como não podemos ter tudo na vida, somos felizes com o que temos! 


                                     



segunda-feira, 14 de julho de 2014

O pai de Catarina

Venho ensaiando escrever este post já há algum tempo. Mas não queria deixar passar nenhum detalhe sobre alguém que é merecedor de toda a minha admiração. Admito que sou suspeita, porque sou apaixonada por ele, mas há de se convir que quem o conhece vai concordar comigo. 

O pai de Catarina é de fato um homem admirável, alguém que conseguiu transformar todas as suas piores dores nas suas melhores qualidades. Alguém que dá um valor inestimável à família, que sempre sonhou em construir a sua própria e tem feito isto de uma maneira excepcional. Alguém que mesmo diante de toda a limitação, tem olhado sempre para Jesus e tentado imitá-lo. Alguém que é muito decidido e, ao menos tempo, doce. Alguém com uma maturidade e responsabilidade invejáveis e uma alma de criança. Não a toa elas serem completamente apaixonadas por ele. Sim, todos são apaixonados pelo tio Bruno, tio Bruninho, tio Careca, simplesmente porque ele consegue de forma simples e natural, entretê-las. Ele não é um adulto brincando com uma criança e sim uma criança brincando com outra. Ele nunca cansa de responder as infinitas perguntas de todas as crianças e sente um prazer imenso nisso. Odeia crianças indisciplinadas, mas as repreende em amor e isso o torna ainda mais querido. 

Todas estas características tornam o pai de Catarina, um super PAI! Sim, com letras garrafais! Vamos relembrar alguns acontecimentos marcantes e vocês vão entender o porquê de tudo isto. 

Já relatei aqui o dia que descobrimos estarmos "grávidos" e inevitavelmente me vem a mente a sonora frase: "Posso comemorar?". E este foi apenas o começo. No dia seguinte, quando fiz o beta-hCG, ele passou o dia todo ansioso e me mandando mensagens e, no final do dia, quando o resultado finalmente saiu, ele estava ensandecido. O resultado saiu e eu ainda estava no trabalho e, antes de ir para casa, precisei passar na casa de uma amiga para vê-la. Ele começou a me mandar mensagens de voz via whatsapp, gritando de alegria e me mandando retornar para casa o mais rápido possível.

Ele queria comemorar, sair na rua gritando, contar para todo mundo. E eu, médica que sou, queria esperar um tempo, ter certeza que tudo corria bem. E ele se desesperava: "Amor, você não está entendendo, eu vou explodir. Eu preciso contar para alguém. Eu vou parar alguém no meio da rua e contar que eu vou ser pai". Pelo nível do desespero, vocês imaginam a alegria que ele estava sentindo. 

Obviamente, a minha ideia de esperar um pouco não foi para a frente. Pouco a pouco fomos contando para nossos familiares e amigos. E o mais incrível era o seu sorriso, este nunca o deixou de acompanhar durante os meus 9 meses de gravidez. 

A primeira ultrassonografia (oficial) foi inesquecível! (Logo depois que descobri que estava grávida, cheguei no plantão e uma amiga estava saindo. Quando Bruno contou a novidade, ela me "obrigou" a entrar no hospital e disse que ela faria minha primeira ultrassonografia. Como Bruno só tinha ido me levar, ele estava de bermuda e não podia entrar no hospital. Fomos somente nós duas. Como a gravidez estava muito no começo, só foi possível ver o saco gestacional. O embrião ainda não tinha aparecido. E eu, mais um vez, médica que sou, passei 4 dias sem dormir até a primeira ultrassonografia oficial). E lá fomos nós, eu, o pai de Catarina e a tia de Catarina. A única coisa que o pai de Catarina sabia era que ele tinha que ver uma coisinha branca dentro de um saco preto. E, imediatamente, quando o médico começou o exame, ele viu uma coisinha branca dentro de um saco preto e logo abriu o maior sorriso que poderia se ver. O que eu esqueci diante do meu desespero, foi de avisá-lo que já seria possível ouvir o coraçãozinho do nosso bebê. Quando o médico colocou o "sonzinho" do coração, pensei que este menino fosse enlouquecer...ele não sabia se ria, se batia no médico comemorando, se saia da sala gritando, enfim, um turbilhão de sentimentos. 

Daí se seguiram os dias e todas as vezes, ABSOLUTAMENTE, todas as vezes que ele contava que ia ser pai, um sorriso do tamanho do mundo surgia no seu rosto. Ele passou 9 meses em um estado permanente de êxtase. 

No dia que tivemos a confirmação que seríamos pais de uma menininha, foi outra emoção sem fim. Ele finalmente pode gritar bem alto para o mundo, através do facebook, que ele seria o PAI DE CATARINA. 

Perdi a conta do número de vezes que acordei durante a noite e ele estava deitado em cima da minha barriga, conversando com sua filha. E preciso confessar que ele foi o primeiro a senti-la mexer. Pode parecer absurdo e acho que seja mesmo, mas na semana em que eu a senti mexer, ele já tinha me falado alguns dias antes que, em uma das madrugadas, ele já tinha sentido. Fiz jogo duro e não admiti, porque seria considerada uma mãe desnaturada. Mas se aconteceu...o que fazer?  

Fora o permanente sorriso estampado no rosto, o cuidado com cada um dos preparativos. Já conhecia sobre berços, cômodas, decoração das paredes. Mamadeiras então?! Era expertDepois de termos decidido que o tema do quarto seria de passarinhos, começamos a saga para decidir os detalhes da decoração. Finalmente encontramos os adesivos que seriam colocados na parede. Na semana anterior ao nascimento de Catarina, ele colou cada um dos adesivos e, cada vez que colava meia dúzias deles, se distanciava da parede, olhava e me perguntava: "E aí, amor? Tá ficando bom?". Era um cuidado só com cada uma das florzinhas. Era muito amor materializado nos detalhes. 







Ah, outro detalhe. Ele fazia questão de comparecer a TODAS as consultas do pré-natal. Faltou em uma delas por problemas no trabalho e ficou extremamente chateado por causa disso. 


Voltando da última consulta do pré natal

Não era incomum ele dizer: "Amor, não ligue não, mas ela vai ser grudada comigo! Vai ser minha pulguinha!". E eu tenho que confessar que sabia que seria assim, afinal minha filha teria o melhor pai do mundo.

No dia do nascimento, o pai de Catarina era ainda mais sorrisos! E, apesar de todas as zoações em relação as sacolas rosas, ele sentia um orgulho só por segurá-las.




Depois vieram as más notícias, as lágrimas rolaram, mas não o vi oscilar absolutamente em nenhum dos 12 dias. Quando eu me desesperava pelo medo de perdê-la, imaginando que esta pudesse ser a vontade de Deus, ele me abraçava e dizia: "Amor, a nossa princesinha não está lutando? Enquanto ela estiver lutando, nós estaremos lutando junto com ela!". E assim fizemos. Dia após dia estivemos ali do lado dela. E ainda me emociona lembrar de todas as suas preocupações. Ele entendia perfeitamente a gravidade do quadro, mas era tão linda a sua preocupação com os detalhes. "Amor, ela vai ficar com cicatriz?". "Este fiozinho está apertando a perninha dela". "Estes antibióticos não vão fazer mal?". "Ela não vai ficar com nenhuma sequela não, né?!".

Meu coração ganhou duas cicatrizes. A minha perda e a sua perda. Senti toda a dor de uma mãe que perde um filho. E senti toda a dor do melhor pai que perde sua filha, sua princesinha. Afirmo, com toda a convicção, que Catarina teve o melhor pai do mundo e que ela sentiu o seu imenso amor.




Sou mais feliz por saber que você é o pai do meus filhos!
Te amo!


O pai de Catarina pela mãe de Catarina.