terça-feira, 22 de julho de 2014

Somos felizes com o que temos

Eu já disse por aqui que eu adoro clichês. Mas existe uma explicação para isso. Sabe aquela antiga conversa de que devemos aproveitar o dia de hoje, agradecer pelo que temos e não lamentar por aquilo que perdemos ou deixamos de ganhar. Este é um daqueles clichês que precisamos lembrar todos os dias. 

Não é incomum estarmos insatisfeitos, reclamando por aquilo que ainda não temos. Esquecemos de olhar a nossa volta, de agradecer por tudo aquilo que já nos foi concedido. Eu sei que o que nos impulsiona a seguir em frente são nossos sonhos e projetos, mas não podemos estar tão focados neles, a ponto de deixar passar tudo que está a nossa volta hoje.

É o conhecido clichê do: "O futuro ainda não existe e, quando chegar, deixará de ser futuro, para ser presente. O passado já deixou de existir e, quando existiu ainda não era passado, mas sim, presente. O PRESENTE É O ÚNICO MOMENTO QUE REALMENTE EXISTE PARA NÓS!" 

O meu passado "mais recente" me traz as lembranças mais alegres, mas também as mais dolorosas. Ainda me pego frequentemente pensando em todos os acontecimentos desde o momento da descoberta da gravidez até o dia da partida de Catarina. De certa forma, estas lembranças me estristecem um pouco e também me enchem de alegria. Mas não posso viver me alimentando destas lembranças. Acho que toda mãe que perde um filho tem muito medo de esquecê-lo, de esquecer as feições, os detalhes, os momentos que passaram juntos. Parece até meio tolo, porque é impossível esquecer um amor tão grande e sobrenatural, mas temos apego às lembranças materiais e não àquelas que são imateriais e ficam cravadas na nossa alma. É importante que as lembranças estejam , porque o que somos hoje é fruto daquilo que vivemos, daquilo que experimentamos. Mas não podemos estar excessivamente apegados ao passado a ponto de esquecer do agora, do hoje.

Ah, o futuro! O futuro das projeções mais doces, dos sonhos realizados. O futuro da grande família constituída, da realização profissional, das viagens mais inusitadas. Ah, o futuro! Este a Deus pertence. E como sou feliz por entregar o meu nas mãos dEle.

O presente é agora! Este é o maior dos clichês, mas continuamos insistindo em deixar de vivê-lo. Sempre que eu compro alguma roupa nova ou ganho de presente, fico ansiosa em usá-la e sempre brinco: "Imagina se eu morrer amanhã?! Vou deixar esta roupa novinha para outra pessoa usar?" Não incentivo as pessoas a agirem de maneira inconsequente, sem pensar no futuro ou nas consequências das suas atitudes. Mas não desejo que estejam tão apegadas ou projetando um futuro brilhante e esqueçam que a vida é agora. O livro de Eclesiastes é muito claro ao falar que há tempo para todos os propósitos debaixo do céu. Há tempo de chorar e tempo de rir. 

Retirado do instagram "eu me chamo antônio"

Ainda que hoje seja o seu tempo de chorar, chore, vivencie as suas dores, mas lembrem-se que elas não são eternas! Eu posso falar sobre isso com uma certa propriedade. Vivenciei o tempo das minhas piores dores e, até nele, vivi intensamente! Chorei durante dias, não senti vontade de fazer absolutamente nada, perdi até a esperança de viver dias melhores e mais alegres, tamanha era a minha dor. Mas tudo passa e, o fato da minha dor estar diminuindo, não tem nada a ver com o tamanho do amor que sinto pela minha filha. Tem a ver com o entendimento de que "TODAS as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e daqueles que são chamados conforme o Seu propósito". Hoje me sinto uma pessoa transformada, alguém que vivenciou a pior dor, mas que, pela graça de Deus, tem conseguido seguir em frente, ainda mais forte. Alguém que aprendeu a olhar a vida com mais carinho, a olhar o outro com mais amor e a viver o presente como uma dádiva divina. 

Na última quarta feira fomos, eu e meu marido, para o Rio de Janeiro para tirarmos o visto americano. Chegamos lá já no final da tarde, mas não poderíamos perder a oportunidade de dar uma primeira volta pela cidade. Somos amantes do mar e nada mais revigorante do que um passeio a beira da praia, seguindo do Leblon até o Arpoador. Alguns minutos sentados, apreciando a paisagem e jogando conversa fora. Tenho um carinho especial pela cidade. Sempre foi o meu destino de férias anuais; local das minhas lembranças de infância, as mais deliciosas possíveis. Não sei bem explicar, mas gosto da energia, do astral da cidade. Amo ver as pessoas andando pelas ruas, sejam velhos ou crianças. Amo andar de bike e ter ciclovias que me permitam fazer isso. Amo principalmente as paisagens. Deslumbrantes as vistas do alto dos morros. Olho para todos os cantos e vejo a beleza e a perfeição da criação. E como não sentir a presença de Deus diante de tudo isto?! 


Do alto da Pedra Bonita
                     
Desbravar o mundo com quem amamos tem destas coisas. Todos os momentos, desde os mais simples até aqueles mais especiais e esperados, são gostosos de serem vividos. E eu aprendi que o momento de ser feliz é agora. 

                                   


                            

A felicidade não está condicionada a grandes eventos. Felicidade é sorrir sem motivo aparente; é sentar a beira do mar e sentir a brisa; é jogar conversa fora; é comer pipoca e brigadeiro e assistir um bom filme; é trabalhar com aquilo que a gente gosta; é abraçar; é gargalhar, sentir a barrigar doer de tanto rir; é almoço de sábado em família; é reunir os amigos em casa, mesmo quando não tem cadeira para todo mundo sentar; é rolar na cama domingo de manhã, com preguicinha de levantar; é passear de mãos dadas; é viver os dias com prazer; é AMOR. Deus é amor e nossa felicidade está nEle. 

E como não podemos ter tudo na vida, somos felizes com o que temos! 


                                     



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