segunda-feira, 14 de julho de 2014

O pai de Catarina

Venho ensaiando escrever este post já há algum tempo. Mas não queria deixar passar nenhum detalhe sobre alguém que é merecedor de toda a minha admiração. Admito que sou suspeita, porque sou apaixonada por ele, mas há de se convir que quem o conhece vai concordar comigo. 

O pai de Catarina é de fato um homem admirável, alguém que conseguiu transformar todas as suas piores dores nas suas melhores qualidades. Alguém que dá um valor inestimável à família, que sempre sonhou em construir a sua própria e tem feito isto de uma maneira excepcional. Alguém que mesmo diante de toda a limitação, tem olhado sempre para Jesus e tentado imitá-lo. Alguém que é muito decidido e, ao menos tempo, doce. Alguém com uma maturidade e responsabilidade invejáveis e uma alma de criança. Não a toa elas serem completamente apaixonadas por ele. Sim, todos são apaixonados pelo tio Bruno, tio Bruninho, tio Careca, simplesmente porque ele consegue de forma simples e natural, entretê-las. Ele não é um adulto brincando com uma criança e sim uma criança brincando com outra. Ele nunca cansa de responder as infinitas perguntas de todas as crianças e sente um prazer imenso nisso. Odeia crianças indisciplinadas, mas as repreende em amor e isso o torna ainda mais querido. 

Todas estas características tornam o pai de Catarina, um super PAI! Sim, com letras garrafais! Vamos relembrar alguns acontecimentos marcantes e vocês vão entender o porquê de tudo isto. 

Já relatei aqui o dia que descobrimos estarmos "grávidos" e inevitavelmente me vem a mente a sonora frase: "Posso comemorar?". E este foi apenas o começo. No dia seguinte, quando fiz o beta-hCG, ele passou o dia todo ansioso e me mandando mensagens e, no final do dia, quando o resultado finalmente saiu, ele estava ensandecido. O resultado saiu e eu ainda estava no trabalho e, antes de ir para casa, precisei passar na casa de uma amiga para vê-la. Ele começou a me mandar mensagens de voz via whatsapp, gritando de alegria e me mandando retornar para casa o mais rápido possível.

Ele queria comemorar, sair na rua gritando, contar para todo mundo. E eu, médica que sou, queria esperar um tempo, ter certeza que tudo corria bem. E ele se desesperava: "Amor, você não está entendendo, eu vou explodir. Eu preciso contar para alguém. Eu vou parar alguém no meio da rua e contar que eu vou ser pai". Pelo nível do desespero, vocês imaginam a alegria que ele estava sentindo. 

Obviamente, a minha ideia de esperar um pouco não foi para a frente. Pouco a pouco fomos contando para nossos familiares e amigos. E o mais incrível era o seu sorriso, este nunca o deixou de acompanhar durante os meus 9 meses de gravidez. 

A primeira ultrassonografia (oficial) foi inesquecível! (Logo depois que descobri que estava grávida, cheguei no plantão e uma amiga estava saindo. Quando Bruno contou a novidade, ela me "obrigou" a entrar no hospital e disse que ela faria minha primeira ultrassonografia. Como Bruno só tinha ido me levar, ele estava de bermuda e não podia entrar no hospital. Fomos somente nós duas. Como a gravidez estava muito no começo, só foi possível ver o saco gestacional. O embrião ainda não tinha aparecido. E eu, mais um vez, médica que sou, passei 4 dias sem dormir até a primeira ultrassonografia oficial). E lá fomos nós, eu, o pai de Catarina e a tia de Catarina. A única coisa que o pai de Catarina sabia era que ele tinha que ver uma coisinha branca dentro de um saco preto. E, imediatamente, quando o médico começou o exame, ele viu uma coisinha branca dentro de um saco preto e logo abriu o maior sorriso que poderia se ver. O que eu esqueci diante do meu desespero, foi de avisá-lo que já seria possível ouvir o coraçãozinho do nosso bebê. Quando o médico colocou o "sonzinho" do coração, pensei que este menino fosse enlouquecer...ele não sabia se ria, se batia no médico comemorando, se saia da sala gritando, enfim, um turbilhão de sentimentos. 

Daí se seguiram os dias e todas as vezes, ABSOLUTAMENTE, todas as vezes que ele contava que ia ser pai, um sorriso do tamanho do mundo surgia no seu rosto. Ele passou 9 meses em um estado permanente de êxtase. 

No dia que tivemos a confirmação que seríamos pais de uma menininha, foi outra emoção sem fim. Ele finalmente pode gritar bem alto para o mundo, através do facebook, que ele seria o PAI DE CATARINA. 

Perdi a conta do número de vezes que acordei durante a noite e ele estava deitado em cima da minha barriga, conversando com sua filha. E preciso confessar que ele foi o primeiro a senti-la mexer. Pode parecer absurdo e acho que seja mesmo, mas na semana em que eu a senti mexer, ele já tinha me falado alguns dias antes que, em uma das madrugadas, ele já tinha sentido. Fiz jogo duro e não admiti, porque seria considerada uma mãe desnaturada. Mas se aconteceu...o que fazer?  

Fora o permanente sorriso estampado no rosto, o cuidado com cada um dos preparativos. Já conhecia sobre berços, cômodas, decoração das paredes. Mamadeiras então?! Era expertDepois de termos decidido que o tema do quarto seria de passarinhos, começamos a saga para decidir os detalhes da decoração. Finalmente encontramos os adesivos que seriam colocados na parede. Na semana anterior ao nascimento de Catarina, ele colou cada um dos adesivos e, cada vez que colava meia dúzias deles, se distanciava da parede, olhava e me perguntava: "E aí, amor? Tá ficando bom?". Era um cuidado só com cada uma das florzinhas. Era muito amor materializado nos detalhes. 







Ah, outro detalhe. Ele fazia questão de comparecer a TODAS as consultas do pré-natal. Faltou em uma delas por problemas no trabalho e ficou extremamente chateado por causa disso. 


Voltando da última consulta do pré natal

Não era incomum ele dizer: "Amor, não ligue não, mas ela vai ser grudada comigo! Vai ser minha pulguinha!". E eu tenho que confessar que sabia que seria assim, afinal minha filha teria o melhor pai do mundo.

No dia do nascimento, o pai de Catarina era ainda mais sorrisos! E, apesar de todas as zoações em relação as sacolas rosas, ele sentia um orgulho só por segurá-las.




Depois vieram as más notícias, as lágrimas rolaram, mas não o vi oscilar absolutamente em nenhum dos 12 dias. Quando eu me desesperava pelo medo de perdê-la, imaginando que esta pudesse ser a vontade de Deus, ele me abraçava e dizia: "Amor, a nossa princesinha não está lutando? Enquanto ela estiver lutando, nós estaremos lutando junto com ela!". E assim fizemos. Dia após dia estivemos ali do lado dela. E ainda me emociona lembrar de todas as suas preocupações. Ele entendia perfeitamente a gravidade do quadro, mas era tão linda a sua preocupação com os detalhes. "Amor, ela vai ficar com cicatriz?". "Este fiozinho está apertando a perninha dela". "Estes antibióticos não vão fazer mal?". "Ela não vai ficar com nenhuma sequela não, né?!".

Meu coração ganhou duas cicatrizes. A minha perda e a sua perda. Senti toda a dor de uma mãe que perde um filho. E senti toda a dor do melhor pai que perde sua filha, sua princesinha. Afirmo, com toda a convicção, que Catarina teve o melhor pai do mundo e que ela sentiu o seu imenso amor.




Sou mais feliz por saber que você é o pai do meus filhos!
Te amo!


O pai de Catarina pela mãe de Catarina.   

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