segunda-feira, 16 de junho de 2014

Hoje fazem 2 meses!

Hoje fazem dois meses e, por incrível que pareça, ainda não me derramei em lágrimas (só em um único momento, que já, já conto por aqui). A princípio, porque nem tive tempo de fazê-lo, pois estou desde 7 horas da matina na labuta. Segundo porque queria tentar que o dia de hoje e esta postagem fossem diferentes. 

Já reli algumas vezes todas as postagens que fiz por aqui e no facebook e, em todas elas, apesar de muito amor, sentia também muito "peso" pelo conteúdo muito forte. Recebi muitas mensagens, algumas públicas, outras que somente eu tive a oportunidade de ler. Na maioria delas, o conteúdo era bastante parecido, cada um, a sua forma, me dizia que tinha sido bastante tocado e que tinha sido levado a uma importante reflexão. Colocavam ainda quanto amor sentiam lendo cada uma delas. 

Mas hoje percebi que, apesar de conseguir escrever muitas coisas, ainda é muito difícil conseguir falar de Catarina. Consigo falar sobre a doença dela, por algumas coisas que passamos no hospital, mas todas as vezes, absolutamente todas as vezes, que tento falar dela é inevitável que as lágrimas venham e que as palavras sumam. Vamos a parte do dia, a única diga-se de passagem, em que chorei. E foi com uma destas situações que falei acima. Um colega de trabalho foi hoje no meu setor para discutir um exame que tínhamos feito. Ele me encontrou várias vezes quando ainda estava grávida. Quando ele entrou na minha sala, demorou uma fração de segundos e ele me perguntou: "Não era você que estava grávida?!". E aí foi inevitável. As lágrimas escorreram e as palavras sumiram. Ele logo entendeu, sentou do meu lado, esperou e, finalmente, me acalmei e consegui retomar o trabalho. 

Hoje fazem dois meses e eu gostaria de dar um passo adiante. Gostaria de, pouco a pouco, conseguir falar da minha filha com um sorriso estampado no rosto, por tudo de bom que ela gerou em mim e por toda felicidade que trouxe à minha vida. 

Um amigo muito querido fez o seguinte comentário em uma das minhas postagens: "Parabéns, mamãe! Muitas coisas lindas nasceram de você nesse período". E isso é um fato. Muitas coisas lindas nasceram de mim e por que não me apegar nestas coisas lindas e seguir em frente? 

Vamos "começar do começo"! Me descobri grávida através de um teste de farmácia e não poderia perder a oportunidade de contar por aqui como foi. Quem já fez o teste sabe que  é só colocar uma amostra de "xixi" numa varetinha e voilá...dois tracinhos e você "torna-se" mãe. Eu tinha absoluta certeza que não estava grávida, afinal nós tínhamos usado preservativo e, como o coitadinho tinha furado, prontamente tomei a pílula do dia seguinte. Sendo assim, fiz o teste por "desencargo de consciência" por minha menstruação estar atrasada alguns dias (que, por sinal, eu não sabia quantos). Voltando. Fui para o banheiro, fiz "xixi" na tal da varetinha, aguardei um "micro" tempo (porque mesmo tendo certeza que a gente não está grávida, bate um frio na espinha) e quando olhei estavam lá os dois tracinhos. Como eu não sou nem um pouquinho escandalosa, comecei imediatamente a gritar do banheiro: "Bruno, Bruno, venha aqui rápido!". Ele como alguém que já me conhece e sabe dos meus dramas me responde: "O que foi, Juliana?". E eu: "Venha aqui rápido! Eu tô grávida!". Ele veio displicentemente como quem sabia que iria ouvir um "tô brincando!". E a cena que ele encontra é: eu ainda sentada no vaso sanitário, com as mãos na cabeça e gritando desesperadamente: "Mô, pelo amor de Deus, pega ai as instruções. Leia de novo, leia de novo. Tem certeza que é isso mesmo?" Ele pegou só para me acalmar, olhou novamente e disse: "Você tá grávida!". Eu só consegui ter forças para levantar do vaso e me jogar na cama. Nestas horas, uma infinidade de pensamentos invadem a sua cabeça, eu não sabia direito o que pensar e não me lembro exatamente quais foram os pensamentos que passaram na minha cabeça naquela hora. Mas de uma coisa eu me lembro claramente. Bruno olhou para mim, com um sorriso de orelha a orelha e perguntou: "Posso comemorar?". E eu estava tão desesperada que não conseguia nem responder direito, mas, naquele dia, eu já me senti mãe. Na manhã seguinte, foi o dia de correr para o laboratório e fazer o beta-hCG. E o pior foi que o danado demorou um dia inteiro para sair e eu passei o dia inteiro atualizando compulsivamente a página do laboratório. E lá pelas tantas, no final da tarde, saiu o bendito resultado, que me confirmou que eu  iria receber o melhor presente da minha vida. 

Seguiram-se os meses e eu fui me apaixonando, dia a dia, pela ideia de ser mãe. Eu simplesmente AMEI estar grávida. Amei cada mudança no meu corpo. Amei ver a minha barriga crescendo. Experimentei a sublime sensação de sentir a minha filha mexer dentro de mim! (prometo que, em breve, contarei este momento em detalhes!) e o resultado não poderia ser outro. Eu me senti muito feliz e realizada e naturalmente vinham os milhões de elogios dizendo que eu estava linda, que eu era uma grávida linda, que nunca tinham visto uma grávida tão linda. Mas o que eles não entendiam era que eles não estavam vendo uma grávida linda, eles estavam simplesmente vendo uma grávida feliz. Eu transbordava felicidade!

Felicidade, a tão sonhada e almejada felicidade, estava ali comigo. Em nove meses, eu enjoei, senti minhas costas doerem, senti meu ciático ser comprimido, mas nenhuma destas sensações me roubaram a alegria e a plenitude de estar grávida. 

Hoje fazem dois meses que Catarina não está mais entre nós! Mas eu não quero me entristecer. Quero somente lembrar de todas as boas sensações que ela me permitiu viver até hoje. Seja o susto, a ansiedade, a risada, a euforia, seja a alegria da chegada, seja a alegria da partida, porque a Bíblia diz: "Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?". Eu creio! Sei que Cacá está na casa do Pai, na morada que Ele construiu para ela. E hoje esta é a minha maior alegria. Saber que hoje fazem dois meses, que a minha princesa mora no céu!

Te amo, filha! Sentirei saudade todos os dias, até o nosso reencontro!



Esta é a alegria que quero guardar para mim! (Por Blancorios)


2 comentários:

  1. Amiga, eu me lembro com tanta clareza do dia que você nos contou que estava grávida!!! Lembro que Bruno tava preparando a TV pra mostrar a ultra enquanto você nos distraía com uma conversa (já não lembro sobre o quê) logo atrás do sofá da casa do canela. Lembro que estávamos eu, Luiz, Hanne, Mariano e Tel. Lembro que a gente ficou sem entender (acho que fui a última a ter cair a ficha) até que num salto todos levantamos e fomos te dar um super abraço coletivo. Lembro das lágrimas nos olhos. Todos esses foram momentos realmente felizes. E ainda são, sempre serão!
    Catarina nos ensinou muito e acho que é um dever nosso lembrar de todas as alegrias que essa pequena nos ensinou... Beijo enorme!
    Marianna

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  2. Mari, também lembro exatamente deste dia! E ainda tenho a foto aqui guardada no meu celular! Farei, em breve, uma postagem como ela!

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